30/09/2017

São Gregório o Iluminador, Apóstolo da Armênia († v. 326), 30 de setembro



Gregório, o Iluminador (em armênio: Գրիգոր Լուսաւորիչ; transl.: Grigor Lusavorich; em grego: Γρηγόριος Φωστήρ) é o santo padroeiro e primeiro líder oficial da Igreja Apostólica Armênia. A ele é creditada a conversão da Armênia do paganismo armênio ao cristianismo, dando ao país a distinção de ter sido o primeiro a adotar o cristianismo como religião oficial em 301. Gregório o Iluminador foi o primeiro santo oriental a ter sua estátua adornando a Praça de São Pedro entre os santos fundadores, uma obra do escultor armênio Kazan Khatchik de cinco metros de altura realizada em mármore de Carrara branco, a pedido do Colégio Armênio de Roma e abençoada pelo Papa João Paulo II. A festa de São Gregório o Iluminador é celebrada em 30 de setembro.

O Patriarca da Igreja Armênia, Nersos Bedros XIX, foi a Roma para assistir à bênção da estátua de São Gregório o Iluminador, posta num dos nichos exteriores à Basílica vaticana. Esta escultura atende a um desejo que eeste Patriarca havia exprimido a João Paulo II, em 2001, durante as celebrações pelos 1700 anos da conversão da Armênia ao Evangelho

Segundo o Arcipreste da Basílica de São Pedro, Cardeal Francesco Marchisano, “é a primeira vez que a estátua de um santo do Rito Oriental é posta em meio aos ‘fundadores’ “, e isso exprime “a verdade natural das tradições e dos ritos da Igreja, que contribuem para o seu enriquecimento espiritual, de sorte que ela possa – segundo João Paulo II – respirar plenamente com seus dois pulmões.”

Sabemos, no entanto que, além desses “fundadores”, dois Pais gregos sustentam a cátedra de São Pedro ao lado dos Pais latinos: de um lado Santo Agostinho, com a mitra e São João Crisóstomo, sem; do outro lado, Santo Ambrósio, com a mitra e Santo Atanásio, sem.

O Patriarca Nerses Bedros XIX celebrou a missa na Basílica vaticana antes da bênção papal, na presença de um representante do Patriarca da Igreja Armênia Apostólica de Vagharshapat, do embaixador da Armênia junto à Santa Sé e de um enviado da Presidência da República da Armênia.

Segundo uma tradição muito antiga, o cristianismo entrou na Armênia graças aos Apóstolos Tadeu e Bartolomeu. No fim do Século III, a fé tornou-se parte integrante da fisionomia religiosa e cultural do povo armênio. Em 301, São Gregório levou o soberano armênio à fé em Cristo e este lhe pediu o batismo, para si e toda a sua corte. Por isso São Gregório é conhecido como “o Iluminador” da nação armênia.

Ordenado Padre e Bispo, Gregório tornou-se o Iluminador por sua obra em que anunciava o Evangelho e pela fundação da Igreja Armênia. Morreu por volta do ano 326. Com o Concílio da Calcedônia, em 451, a Igreja Armênia se separou da Igreja Latina, o que viria a dar origem à atual Igreja Apostólica Armênia, diferente tanto da Igreja Latina quanto da Igreja Ortodoxa, e com a qual Roma possui relação bastante fraterna.

São Gregório o Iluminador também é muito venerado na Itália: deu seu nome a um bairro de Nápoles que conservava suas relíquias, que hoje em dia se encontram com a Igreja Armênia, entregues pelo Papa João Paulo II, tendo sido colocadas na cripta da nova catedral de Evran, inaugurada em 2001. O santo também é venerado em Puglia, onde o vilarejo de Nardo o invocou no terremoto de 1743, sendo poupado da catástrofe.

História de Gregório o Iluminador – Primeiros anos

Gregório nasceu por volta do ano 250, no centro das disputas pelo poder em que sua família estava implicada, sendo o único sobrevivente do massacre ocorrido entre os seus. Era filho[1] dos nobres armênios partas[2] Anaces E Okohe. Acredita-se que seu pai era um príncipe[3] relacionado aos reis arsácidas da Armênia[3] ou parte da casa de Surena, um dos sete ramos da dinastia arsácida, ainda reinante[4] na Báctria[5]. Anaces foi encarregado de assassinar o rei Cosroes II, um dos reis da dinastia, e foi condenado à morte. Gregório escapou por pouco da execução com a ajuda de Sopia e Yevtagh, seus tutores, sendo levado para Cesareia, na Capadócia, onde os dois pretendiam terminar de criá-lo. Gregório foi então dado ao santo padre cristão Firmiliano (Eutálio) para ser educado, e foi assim que se tornou um devoto cristão.
Quando atingiu a maioridade, Gregório se casou com uma moça chamada Míriam, devota cristã que era filha de um príncipe armênio cristão[5] na Capadócia. Desta união, Míriam teve dois filhos[5]Vertanes I, o Parto e Aristácio I(Aristaces). Através de Vertanes, Gregório e Míriam teriam mais descendentes e, quando Gregório morreu, Aristácio o sucedeu. Em algum ponto da vida, Gregório e a esposa decidiram se separar para permitir que ele pudesse se dedicar à vida consagrada[5]. Gregório deixou a Capadócia e voltou para a Armênia na esperança de conseguir ser perdoado pelo crime de seu pai através da evangelização de sua terra natal[5].

Na época, reinava Tirídates III, o filho do falecido rei Cosroes II. Influenciado em parte pelo fato de Gregório ser o filho do inimigo de seu pai, o rei ordenou que ele fosse preso por doze anos (ou quatorze, dependendo da fonte)  numa cela subterrânea na planície do Ararate, sob a atual igreja de Khor Virap, perto da cidade histórica de Artaxata, na Armênia. Gregório foi eventualmente convocado dali por volta do ano 297 para tentar recuperar a sanidade de Tirídates III, que a havia perdido após ter sido traído pelo imperador romano Diocleciano, o qual invadiu e tomou grande parte do território das províncias ocidentais da Grande Armênia, que se tornaram protetorados de Roma.

Declaração da Armênia cristã
Batismo de Tirídates III.
Em 301, Gregório batizou Tirídates III juntamente com os membros de sua corte e das classes dominantes. O rei emitiu um decreto concedendo a Gregório plenos direitos para levar a cabo a conversão da nação toda à fé cristã. No mesmo ano, a Armênia se tornou o primeiro país a adotar o cristianismo como religião estatal. A Catedral de Echmiatsin foi a primeira a ser construída na Armênia, tornando-se a Igreja-mãe em Vagarsapate (Echmiadzin), centro espiritual e cultural do cristianismo armênio e sede da Igreja Apostólica Armênia. A maior parte dos armênios foi batizada nos rios Murat (Aratsani; a parte inicial do Eufrates) e Aras (Araxes).

Muitos dos festivais e celebrações pré-cristãos, de tradição indo-europeia, como o Tyarndarach (Trndez - associado à adoração do fogo) e o Vartavar (Vadarvar - associado à adoração da água), que tinham milênios de idade, foram preservados e continuaram na forma de celebrações e cânticos cristãos. Em 302, Gregório foi consagrado como Católico (Patriarca) de todos os armênios por Leôncio de Cesareia, seu amigo de infância.

Aposentadoria e morte
Em 318, Gregório apontou seu segundo filho, Aristácio, como próximo Patriarca na linha da Igreja Apostólica para estabilizar e continuar a reforçar o cristianismo não apenas na Armênia, mas também no Cáucaso e na Anatólia. Gregório também colocou um de seus netos (um dos filhos de Vertanes) a cargo das missões evangelizadoras aos povos e tribos de toda a região do Cáucaso e da Albânia, onde o Iluminador foi martirizado por uma multidão fanática enquanto lá pregava. Em seus últimos anos, ele já tinha se retirado para um pequeno santuário perto do Monte Sebuh (ou Sepuh), na província de Daranali (Manyats Ayr, na Armênia Superior), com um pequeno grupo de monges, onde ele permaneceu até a sua morte.

Obras e devoção
Após a sua morte, seu corpo foi levado para a vila de Todano (T'ordan - atual Doğanköy, perto de Erzincan). Seus restos foram espalhados por toda parte no reino do imperador bizantino Zenão. Acredita-se que sua cabeça esteja atualmente na Armênia, sua mão esquerda em Echmiadzin e a direita, na Santa Sé da Cilícia, em Antelias, no Líbano. No Século VIII, os decretos iconoclastas na Grécia fizeram com que diversas ordens religiosas fugissem do Império Bizantino e buscassem refúgio em outros lugares. San Gregorio Armeno, em Nápoles, foi construída neste século sobre os restos de um templo romano dedicado a Ceres por um grupo de freiras fugitivas que levavam consigo relíquias de Gregório o Iluminador.

Diversas orações e cânones da Igreja Armênia são atribuídos a Gregório. As homilias aparecem pela primeira vez numa obra chamada Haschacnapadum em Constantinopla em 1737; um século depois, uma tradução grega foi publicada em Veneza pelos mequitaristas. Estas homilias vem sendo desde então editadas em alemão por J M Schmid (Ratisbona, 1872). As fontes que relatam a vida de Gregório são Agatângelo, cuja “História de Tirídates” foi publicada pelos mequitaristas em 1835, Moisés de Corene“Histórias Armênias” e Simeão Metafrástes. Uma “Vida de Gregório” por Vartabed Matthew foi publicada no idioma armênio em Veneza em 1749, sendo traduzida para o inglês por Solomon Caesar Malan em 1868.

Referências
  1.  Hovannisian, The Armenian People From Ancient to Modern Times, Volume I: The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century, p.72
  2. AgatângeloHistory of the Armenians, p.xxvii
  3. a b Kurkjian, A History of Armenia, p.270
  4. Terian, Patriotism And Piety In Armenian Christianity: The Early Panegyrics On Saint Gregory, p.106
  5. a b c d e Kurkjian, A History of Armenia, p.97

Ligações externas
- “Gregory the Illuminator” na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês)., uma publicação agora em domínio público.
- Agatângelo“História de São Gregório e a Conversão da Armênia” (em inglês). Consultado em 29 de julho de 2012.
- “Gregory, St.”Collier's New Encyclopedia, 1921.
- “Gandzasar Monastery, Nagorno Karabakh” (em inglês). Gandzasar.com. Consultado em 29 de julho de 2012.

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel

Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Greg%C3%B3rio,_o_Iluminador
https://fr.zenit.org/articles/l-apotre-de-l-armenie-gregoire-l-illuminateur-premier-saint-oriental-a-saint-pierre/
http://levangileauquotidien.org/zoom_img.php?frame=51602&language=FR&img=&sz=full
https://pt.wikipedia.org/wiki/Greg%C3%B3rio,_o_Iluminador#/media/File:Tiridates_III_of_Armenia-Baptism.jpg

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