Gregório, o Iluminador (em armênio: Գրիգոր Լուսաւորիչ; transl.: Grigor
Lusavorich; em grego: Γρηγόριος Φωστήρ) é o santo padroeiro e primeiro líder
oficial da Igreja Apostólica Armênia. A ele é creditada a conversão
da Armênia do paganismo armênio ao cristianismo, dando
ao país a distinção de ter sido o primeiro a adotar o cristianismo como
religião oficial em 301. Gregório o Iluminador foi o primeiro santo oriental a ter sua estátua adornando
a Praça de São Pedro entre os santos fundadores, uma obra do escultor armênio
Kazan Khatchik de cinco metros de altura realizada em mármore de Carrara
branco, a pedido do Colégio Armênio de Roma e abençoada pelo Papa João Paulo
II. A festa de São Gregório o Iluminador é celebrada em 30 de setembro.
O Patriarca da
Igreja Armênia, Nersos Bedros XIX, foi a Roma para assistir à bênção da estátua
de São Gregório o Iluminador, posta num dos nichos exteriores à Basílica
vaticana. Esta escultura atende a um desejo que eeste Patriarca havia exprimido
a João Paulo II, em 2001, durante as celebrações pelos 1700 anos da conversão
da Armênia ao Evangelho
Segundo o Arcipreste
da Basílica de São Pedro, Cardeal Francesco Marchisano, “é a primeira vez que a
estátua de um santo do Rito Oriental é posta em meio aos ‘fundadores’ “, e isso
exprime “a verdade natural das tradições e dos ritos da Igreja, que contribuem
para o seu enriquecimento espiritual, de sorte que ela possa – segundo João
Paulo II – respirar plenamente com seus dois pulmões.”
Sabemos, no entanto
que, além desses “fundadores”, dois Pais gregos sustentam a cátedra de São
Pedro ao lado dos Pais latinos: de um lado Santo Agostinho, com a mitra e São
João Crisóstomo, sem; do outro lado, Santo Ambrósio, com a mitra e Santo
Atanásio, sem.
O Patriarca Nerses Bedros
XIX celebrou a missa na Basílica vaticana antes da bênção papal, na presença de
um representante do Patriarca da Igreja Armênia Apostólica de Vagharshapat, do
embaixador da Armênia junto à Santa Sé e de um enviado da Presidência da
República da Armênia.
Segundo uma tradição
muito antiga, o cristianismo entrou na Armênia graças aos Apóstolos Tadeu e
Bartolomeu. No fim do Século III, a fé tornou-se parte integrante da fisionomia
religiosa e cultural do povo armênio. Em 301, São Gregório levou o soberano armênio
à fé em Cristo e este lhe pediu o batismo, para si e toda a sua corte. Por isso
São Gregório é conhecido como “o Iluminador” da nação armênia.
Ordenado Padre e
Bispo, Gregório tornou-se o Iluminador por sua obra em que anunciava o
Evangelho e pela fundação da Igreja Armênia. Morreu por volta do ano 326. Com o
Concílio da Calcedônia, em 451, a Igreja Armênia se separou da Igreja Latina, o
que viria a dar origem à atual Igreja Apostólica Armênia, diferente tanto da
Igreja Latina quanto da Igreja Ortodoxa, e com a qual Roma possui relação
bastante fraterna.
São Gregório o
Iluminador também é muito venerado na Itália: deu seu nome a um bairro de
Nápoles que conservava suas relíquias, que hoje em dia se encontram com a
Igreja Armênia, entregues pelo Papa João Paulo II, tendo sido colocadas na
cripta da nova catedral de Evran, inaugurada em 2001. O santo também é venerado
em Puglia, onde o vilarejo de Nardo o invocou no terremoto de 1743, sendo
poupado da catástrofe.
História de Gregório o Iluminador – Primeiros
anos
Gregório nasceu por
volta do ano 250, no centro das disputas pelo poder em que sua família estava
implicada, sendo o único sobrevivente do massacre ocorrido entre os seus. Era
filho[1] dos
nobres armênios partas[2] Anaces E Okohe. Acredita-se que seu pai era um príncipe[3] relacionado aos reis
arsácidas da Armênia[3] ou
parte da casa de Surena, um
dos sete ramos da dinastia arsácida, ainda reinante[4] na Báctria[5]. Anaces foi encarregado de assassinar o rei Cosroes II, um dos reis da dinastia, e foi condenado à
morte. Gregório escapou por pouco da execução com a ajuda de Sopia e Yevtagh,
seus tutores, sendo levado para Cesareia, na Capadócia, onde
os dois pretendiam terminar de criá-lo. Gregório foi então dado ao santo padre
cristão Firmiliano (Eutálio) para ser educado, e foi assim que se tornou um
devoto cristão.
Quando atingiu a
maioridade, Gregório se casou com uma moça chamada Míriam, devota cristã que
era filha de um príncipe armênio cristão[5] na Capadócia. Desta união, Míriam teve dois filhos[5], Vertanes I, o Parto e Aristácio I(Aristaces). Através de Vertanes,
Gregório e Míriam teriam mais descendentes e, quando Gregório morreu, Aristácio
o sucedeu. Em algum ponto da vida, Gregório e a esposa decidiram se separar
para permitir que ele pudesse se dedicar à vida consagrada[5]. Gregório deixou a Capadócia e voltou para a
Armênia na esperança de conseguir ser perdoado pelo crime de seu pai através da
evangelização de sua terra natal[5].
Na época,
reinava Tirídates III, o
filho do falecido rei Cosroes II. Influenciado em parte pelo fato de
Gregório ser o filho do inimigo de seu pai, o rei ordenou que ele fosse preso
por doze anos (ou quatorze, dependendo da fonte) numa cela subterrânea na planície
do Ararate, sob a atual igreja
de Khor Virap, perto da
cidade histórica de Artaxata,
na Armênia. Gregório foi eventualmente
convocado dali por volta do ano 297 para tentar recuperar a sanidade de
Tirídates III, que a havia perdido após ter sido traído pelo imperador
romano Diocleciano, o qual invadiu e tomou grande parte do
território das províncias ocidentais da Grande Armênia, que se tornaram protetorados de Roma.
Declaração da Armênia cristã
Batismo de Tirídates III.
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Em 301,
Gregório batizou Tirídates III
juntamente com os membros de sua corte e das classes dominantes. O rei emitiu
um decreto concedendo a Gregório plenos direitos para levar a cabo a conversão
da nação toda à fé cristã. No mesmo
ano, a Armênia se tornou o primeiro país a adotar o cristianismo como religião
estatal. A Catedral de
Echmiatsin foi a primeira a ser
construída na Armênia, tornando-se a Igreja-mãe em Vagarsapate (Echmiadzin), centro espiritual
e cultural do cristianismo armênio e sede da Igreja Apostólica
Armênia. A maior parte dos armênios foi
batizada nos rios Murat (Aratsani;
a parte inicial do Eufrates)
e Aras (Araxes).
Muitos dos festivais
e celebrações pré-cristãos, de tradição indo-europeia, como o Tyarndarach (Trndez - associado à
adoração do fogo) e o Vartavar (Vadarvar - associado à adoração da água), que tinham
milênios de idade, foram preservados e continuaram na forma de celebrações e
cânticos cristãos. Em 302, Gregório foi consagrado como Católico (Patriarca)
de todos os armênios por Leôncio
de Cesareia, seu amigo de infância.
Aposentadoria e morte
Em 318, Gregório
apontou seu segundo filho, Aristácio, como próximo Patriarca na linha da Igreja Apostólica para
estabilizar e continuar a reforçar o cristianismo não apenas na Armênia, mas
também no Cáucaso e
na Anatólia. Gregório
também colocou um de seus netos (um dos filhos de Vertanes) a cargo das missões
evangelizadoras aos povos e tribos de toda a região do Cáucaso e da Albânia, onde o Iluminador foi martirizado por uma multidão fanática enquanto lá
pregava. Em seus últimos anos, ele já tinha se retirado para um pequeno
santuário perto do Monte Sebuh (ou Sepuh), na
província de Daranali (Manyats
Ayr, na Armênia Superior),
com um pequeno grupo de monges, onde ele permaneceu até a sua morte.
Obras e devoção
Após a sua morte,
seu corpo foi levado para a vila de Todano (T'ordan - atual Doğanköy, perto de Erzincan). Seus restos foram espalhados por toda
parte no reino do imperador bizantino Zenão. Acredita-se que sua cabeça esteja atualmente na Armênia, sua mão esquerda em Echmiadzin e a direita,
na Santa Sé da Cilícia,
em Antelias, no Líbano. No Século VIII, os decretos iconoclastas na Grécia fizeram com que
diversas ordens religiosas fugissem
do Império Bizantino e
buscassem refúgio em outros lugares. San Gregorio Armeno, em Nápoles, foi construída neste século sobre os restos
de um templo romano dedicado
a Ceres por um grupo
de freiras fugitivas
que levavam consigo relíquias de Gregório o Iluminador.
Diversas orações e cânones da
Igreja Armênia são atribuídos a Gregório. As homilias aparecem pela primeira vez numa obra
chamada Haschacnapadum em Constantinopla em 1737; um século depois, uma
tradução grega foi
publicada em Veneza pelos
mequitaristas. Estas homilias vem sendo desde então editadas em alemão por J M Schmid (Ratisbona, 1872). As fontes que relatam a
vida de Gregório são Agatângelo, cuja “História de Tirídates” foi publicada
pelos mequitaristas em 1835, Moisés de Corene, “Histórias Armênias” e Simeão
Metafrástes. Uma “Vida de Gregório” por
Vartabed Matthew foi publicada no idioma armênio em Veneza em 1749, sendo traduzida para o inglês por Solomon Caesar Malan em 1868.
Referências
- Hovannisian, The Armenian People From Ancient to Modern Times, Volume I: The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century, p.72
- Agatângelo, History of the Armenians, p.xxvii
- a b Kurkjian, A History of Armenia, p.270
- Terian, Patriotism And Piety In Armenian Christianity: The Early Panegyrics On Saint Gregory, p.106
- a b c d e Kurkjian, A History of Armenia, p.97
Ligações externas
- “Gregory
the Illuminator” na edição de 1913
da Enciclopédia Católica (em
inglês)., uma publicação agora em domínio público.
- Agatângelo. “História de São Gregório e a Conversão da Armênia” (em inglês). Consultado em 29 de julho
de 2012.
- “Gregory,
St.”. Collier's New
Encyclopedia, 1921.
- “Gandzasar Monastery, Nagorno Karabakh” (em inglês). Gandzasar.com. Consultado
em 29 de julho de 2012.
Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Greg%C3%B3rio,_o_Iluminador
https://fr.zenit.org/articles/l-apotre-de-l-armenie-gregoire-l-illuminateur-premier-saint-oriental-a-saint-pierre/
http://levangileauquotidien.org/zoom_img.php?frame=51602&language=FR&img=&sz=full
https://pt.wikipedia.org/wiki/Greg%C3%B3rio,_o_Iluminador#/media/File:Tiridates_III_of_Armenia-Baptism.jpg
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