Martyrologium Romanum em 20 de fevereiro (dies natalis).
Ordo Fratorum Praedicatorum em 06 de setembro.
Julia Rodzińska, cujo nome secular era Stanisława, nasceu em
16 de março de 1899 em Nawojowa, diocese de Tarnów, no sul da Polônia. Ela era
a segunda de uma família de cinco filhos. Seus pais eram muito religiosos: seu
pai, Michel, era organista na igreja do vilarejo. Julia tinha oito anos quando
sua mãe morreu. A família era muito próxima às religiosas da Ordem Terceira
Dominicana de Wielowieś, da qual a Madre Stanisława Leniart havia fundado o
convento local. Elas possuíam uma escola, uma enfermaria e eram responsáveis
pela catequese das crianças da região.
Ao ficar órfã, Julia foi recolhida ao convento com sua irmã
menor, Janine. Durante a ocupação austro-alemã, já aos dezessete anos, ela
entrou como postulante no convento de Wielowieś, fazendo posteriormente seus
primeiros votos sob o nome de Irmã Maria Julia, em Cracóvia, parte da antiga
Polônia austríaca que acabara de ser anexada à nova República polonesa.
A jovem continuou seus estudos pedagógicos em Poznan. A
Polônia renascia das cinzas, e as Irmãs fundavam ou reforçavam as comunidades
dominicanas do país reunificado. Elas fundaram um orfanato em Wilno, que havia
estado no centro da guerra polono-lituana, assim como em Rava Ruska, perto de
Lvov.
Julia professou seus votos definitivos em 1924, e foi
apelidada como “a mãe dos órfãos”; organizava escolas e colônias de férias para
as crianças carentes. Tinha particular devoção pelo rosário, que está na base
da espiritualidade dominicana.
Em 1934, era a Superiora do orfanado de Wilno, onde acolhia
crianças de diferentes origens, e as autoridades da cidade lhe eram muito
gratas por seu trabalho.
Em setembro de 1939, quando a Polônia foi invadida, Wilno (então
Vilnius) passou para as mãos dos Soviéticos. Julia teve que fechar a escola,
continuando secretamente a dar aulas de religião e de polonês, língua então
proibida. Quando os alemães tomaram a região, ela continuou suas atividades
clandestinas.
Em julho de 1943, Irmã Julia foi presa pela Gestapo e detida
na prisão de Lukiszki em Wilno, aí permanecendo encarcerada durante um ano em
isolamento estrito, num cubículo de cimento onde não podia se mexer. As Irmãs
aprisionadas eram torturadas física e psicologicamente, e inúmeros prisioneiros
eram executados. Em julho de 1944, Irmã Julia foi transferida para o campo de
concentração de Stutthof, perto de Gdansk. A viagem durou vários dias, num
vagão de gado, com pessoas doentes e moribundas. As Irmãs foram violentadas na
chegada ao campo. Irmã Julia foi colocada no setor judeu do campo sob o número
40992 tatuado em seu braço. Estava previsto o rápido extermínio dos deportados
para este setor. Porém isso acabou levando mais tempo, pois novos trens
transportando judeus não paravam de chegar.
A fome, a tortura, o terror, o trabalho exaustivo e o
sadismo dos guardas faziam parte da rotina quotidiana. As mulheres mais frágeis
eram selecionadas todos os dias para morrerem nas câmaras de gás. Ainda que a
maior parte das prisioneiras de sua barraca fossem judias vindas de toda a
Europa, Irmã Julia organizava com elas uma oração comum quotidiana. As
sobreviventes lembravam da sua coragem, da sua oração, da sua esperança e
generosidade. Ela partilhava seus poucos alimentos com as prisioneiras, que lhe
pediam para intervir em caso de conflitos. Ewa Hoff, uma judia que sobreviveu
ao campo, escreveu sobre Julia: “Ela era nobre, desejosa de ajudar, boníssima.
No campo, onde toda piedade era totalmente esquecida, ela servia com misericórdia.”
Quando orava, Irmã Julia permanecia de joelhos e não se levantava quando os
guardas entravam nas barracas, o que os desconcertava. Sabendo que o marido de
uma das prisioneiras, que se encontrava numa outra seção do campo, queria se
suicidar, Irmã Julia conseguiu várias vezes fazer com que lhe enviassem cartas
para convencê-lo a não perder a esperança. No fim das contas, ele sobreviveu ao
campo e à guerra.
Em novembro de 1944, um setor do campo foi fechado para os
doentes acometidos pelo tifo, e Irmã Julia se voluntariou para juntar-se a
eles. Em meio a corpos pútridos e famintos, ela levou esperança e caridade.
Conseguiu tirar uma mulher que ainda estava viva do meio de um monte de corpos
destinados à cremação. Esta mulher sobreviveu e homenageou o serviço de Irmã
Julia.
Quando os prisioneiros foram libertados do campo, em 30 de
janeiro de 1945, havia no setor judeu 6.922 mulheres agonizantes; Irmã Julia
estava entre elas. Morreu de tifo em 20 de fevereiro de 1945.
Julia (Stanisława) Rodzińska foi beatificada em 13 de junho
de 1999 por São João Paulo II (Karol Józef
Wojtyła, Papa entre 1978-2005), em sua sétima viagem apostólica à
Polônia. Na ocasião, outros 108 mártires vítimas das perseguições nazistas de 1939
a 1945 foram igualmente beatificados.
Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
Fontes:
http://levangileauquotidien.org/main.php?language=FR&module=saintfeast&localdate=20170906&id=17130&fd=0
http://levangileauquotidien.org/zoom_img.php?frame=51289&language=FR&img=&sz=full
Beato Michel Czartoryski, Sacerdote o.p. e mártir (1897-1944)
Fontes principais:
http://levangileauquotidien.org/main.php?language=FR&module=saintfeast&localdate=20170906&id=16385&fd=0
http://levangileauquotidien.org/zoom_img.php?frame=37543&language=FR&img=&sz=full
http://levangileauquotidien.org/zoom_img.php?frame=51289&language=FR&img=&sz=full
Beato Michel Czartoryski, Sacerdote o.p. e mártir (1897-1944)
Michel Czartoryski, no mundo;
príncipe Jan Franciszek Czartoryski, nasce em 19 de fevereiro de 1897 em
Pełkinie (perto de Jarosław) num ramo provincial da célebre família de
príncipes poloneses dos Czartoryski, estreitamente associada à história da
Polônia, da Lituânia e de outros países.
Foi educado num profundo
espírito mariano. Dois de seus irmãos tornaram-se padres e uma irmã, religiosa
Visitandina1. Jan Franciszek estudou num moderno liceu de Cracóvia, depois em
Lwów (atualmente na Ucrânia ocidental), onde se tornou engenheiro arquiteto.
Em 1918 engajou-se no novo
exército polonês contra os bolcheviques, sendo condecorado em 1920. Nos anos
turbulentos que prolongaram o processo de independência da Polônia, Jan fez
parte de organizações católicas, em particular a “Renascença” (Odrodzenie) em
Lwów. Participou também da redação de inúmeras memórias, sobretudo em 1924,
junto aos Redentoristas de Cracóvia.
Em 1926, após passar um período
na França e na Bélgica, Jan entrou para o seminário latino de Lwów, e em 1927
para o Noviciado Dominicano de Cracóvia. Recebeu o hábito na Capela de São
Tiago, adotando o nome religioso de Miguel.
Foi ordenado sacerdote em 1931
na igreja do Convento Dominicano de Jarosław, terminando seus estudos de
teologia em 1932. Participou da edificação de um novo Convento Dominicano em
Słuzew (Varsóvia) entre 1937 e 1939. Ali reuniu novas vocações enquanto mestre
de estudos e fortaleceu a Ordem Terceira de São Domingos na região.
Seu amor a Deus e ao próximo
manifestava-se no seu serviço aos irmãos, aos noviços, aos estudantes, mas
também aos insurgentes de Varsóvia. Foi assassinado em 06 de setembro de 1944
por soldados alemães quando era capelão do grupo de resistência “Konrad”, sob a
acusação de ter dado assistência aos feridos e moribundos durante a insurreição
contra a ocupação nazista.
Michel Czartoryski foi
beatificado em 13 de junho de 1999, em Varsóvia, por São João Paulo II (Karol
Józef Wojtyła, Papa entre 1978-2005), sendo proclamado padroeiro da cidade de
Jarosław, perto da qual ele nasceu e onde se encontra um célebre Convento
Dominicano.
1 Da Ordem da Visitação
de Santa Maria.
Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
Fontes principais:
http://levangileauquotidien.org/main.php?language=FR&module=saintfeast&localdate=20170906&id=16385&fd=0
http://levangileauquotidien.org/zoom_img.php?frame=37543&language=FR&img=&sz=full
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