18/03/2011

São José de Arimatéia, Discípulo de Jesus Cristo (Século I), 17 de Março

José de Arimatéia é um personagem do Novo Testamento. Segundo o texto evangélico, ele é um membro do Sinédrio, secretamente convertido à fé nos ensinamentos de Cristo. Ele surge pela primeira vez na narrativa após a crucificação, quando vai pedir a Pôncio Pilatos autorização para retirar o corpo de Jesus da Cruz. Em seguida, ele O enterra no seu próprio sepulcro, construído numa rocha. É um santo cristão celebrado em 17 de março no Ocidente e em 31 de julho no Oriente.
Segundo uma lenda, José de Arimatéia teria recolhido um pouco do Sangue de Cristo num vaso, o Cálice Santo ou Santo Graal, conforme os relatos do ciclo arturiano).

 A origem do nome Arimatéia
O termo empregado no texto grego de Mateus Ἀριμαθαία, Arimathaia. O termo usado na Bíblia dos Setenta (*Septuaginta) é quase idêntico: Άρμαθαία, Armathaia.
Arimatéia é, talvez, o local de que fala o Primeiro Livro de Samuel 1, 1, em hebraico הרמתים, Ha-Ramathaïm. Identifica-se habitualmente Ha-Ramathaïm com a atual cidade de Rentis, no nordeste de Jérusalem. A raiz hebraica רם (RM) significa altura, lugar elevado, e se encontra no nome de diversas localidades. Ha-Ramathaïm quer dizer, literalmente, as alturas.
*http://pt.wikipedia.org/wiki/Septuaginta


Os Evangelhos

Evangelho segundo João 19, 38-42

 “Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus, rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus. Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar. No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado. Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo.”

 

Evangelho segundo Lucas 23, 50-56

“Havia um homem, por nome José, membro do conselho, homem reto e justo. Ele não havia concordado com a decisão dos outros nem com os atos deles. Originário de Arimatéia, cidade da Judéia, esperava ele o Reino de Deus. Foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. Ele o desceu da cruz, envolveu-o num pano de linho e colocou-o num sepulcro, escavado na rocha, onde ainda ninguém havia sido depositado. Era o dia da Preparação e já ia principiar o sábado. As mulheres, que tinham vindo com Jesus da Galiléia, acompanharam José. Elas viram o túmulo e o modo como o corpo de Jesus ali fora depositado. Elas voltaram e prepararam aromas e bálsamos. No dia de sábado, observaram o preceito do repouso.”


Evangelho segundo Marcos 15, 42-47
“Quando já era tarde - era a Preparação, isto é‚ é a véspera do sábado -, veio José de Arimatéia, ilustre membro do conselho, que também esperava o Reino de Deus; ele foi resoluto à presença de Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Pilatos admirou-se de que ele tivesse morrido tão depressa. E, chamando o centurião, perguntou se já havia muito tempo que Jesus tinha morrido. Obtida a resposta afirmativa do centurião, mandou dar-lhe o corpo. Depois de ter comprado um pano de linho, José tirou-o da cruz, envolveu-o no pano e depositou-o num sepulcro escavado na rocha, rolando uma pedra para fechar a entrada. Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde o depositavam.”


Evangelho segundo Mateus 27, 57-61

“À tardinha, um homem rico de Arimatéia, chamado José, que era também discípulo de Jesus, foi procurar Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos cedeu-o. José tomou o corpo, envolveu-o num lençol branco e o depositou num sepulcro novo, que tinha mandado talhar para si na rocha. Depois rolou uma grande pedra à entrada do sepulcro e foi-se embora. Maria Madalena e a outra Maria ficaram lá, sentadas defronte do túmulo.”

http://www.bibliacatolica.com.br/01/47/27.php#ixzz1Gsn1QGNU

 Trecho de um texto apócrifo

O Evangelho de Nicodemos (em Francês) é um texto que foi escrito em grego no Século IV da era cristã, e que não faz parte do Novo Testamento. Abaixo, o trecho relativo a José de Arimatéia:
11.3 De longe, conhecidos e mulheres vindas da Galiléia observavam esses acontecimentos.
Um homem chamado José, conselheiro da cidade de Arimatéia, ele também à espera do reino de Deus, foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Desceu-o, envolveu-o num pano de linho e o colocou num sepulcro escavado na pedra, no qual ninguém ainda havia sido posto.
12.1 As autoridades contra José e Nicodemos. Tendo ouvido que José tinha pedido o corpo de Jesus, os judeus o procuraram e, com ele, as doze pessoas que haviam afirmado que Jesus não tinha nascido de fornicação, Nicodemos e muitos outros, que se tinham apresentado a Pilatos e tinham mostrado suas boas ações.
Mas todos se tinham escondido, e aqueles viram só Nicodemos, porque era um chefe dos judeus. Disse-lhes Nicodemos: “Como é que vos reunistes na sinagoga?” Os judeus responderam: “Como fizeste para entrar na sinagoga? Tu te associaste a ele, e na vida futura serás responsabilizado.” Nicodemos respondeu: “Amém, amém.” Também José foi e lhes disse: “Por que vos irritastes contra mim pelo fato de eu ter pedido o corpo de Jesus? Vede, coloquei-o em meu sepulcro novo, depois de tê-lo envolvido em um pano de linho, e fiz rolar a pedra para a entrada da caverna. Vós não vos comportastes bem em relação ao justo, uma vez que não vos arrependestes depois que o crucificastes, ao contrário, ainda o traspassastes com uma lança.”
12.2 Mas os judeus prenderam José e deram ordem para que ele fosse mantido sob boa guarda até o primeiro dia da semana, e lhe disseram: “Saibas que a hora não nos permite agir contra ti, já que está despontando o sábado, mas saibas que não terás a honra de uma sepultura: a tua carne será atirada aos pássaros do céu.”
José respondeu: “Esse modo de falar é semelhante ao do soberbo Golias, que se ergueu contra o Deus vivo e o santo Davi. Já que Deus disse por meio do profeta: ‘Minha é a vingança, eu recompensarei’, diz o Senhor. E agora, um, que lavou as mãos, dizendo: ‘Sou inocente do sangue dessa pessoa justa. A responsabilidade é vossa!’ Respondestes a Pilatos: ‘O seu sangue seja sobre nós e sobre nossos filhos.’ E agora eu temo que a ira de Deus venha sobre vós e sobre vossos filhos, como dissestes.” [...]
15.7 José respondeu: “No dia da preparação, mais ou menos às dez horas, quando me fechastes, até todo o sábado, permaneci lá. À meia-noite, estando eu acordado e em oração, a cela na qual me fechastes foi tomada pelos quatro cantos e levantada para o alto, e eu vi, com meus olhos, alguma coisa como um relâmpago resplandecente. Cheio de medo, caí por terra. Alguém me segurou pela mão e me levantou do lugar em que eu tinha caído, enquanto uma umidade, como se fosse água, escorria em mim, da cabeça aos pés, e um perfume de ungüento veio às minhas narinas. Ele enxugou meu rosto, beijou-me e disse: ‘Não temas, José! Abre os olhos e vê quem é que fala contigo.’ Ergui os olhos e vi Jesus.  Tremi e pensei que se tratasse de um fantasma. Então recitei os mandamentos, e ele os recitou comigo. Não ignorais que se um fantasma encontra alguém e ouve os mandamentos, foge correndo. Vendo que ele os recitava comigo, disse-lhe: ‘Rabi Elias!’ Mas ele me respondeu: ‘Não sou Elias.’ Perguntei-lhe: ‘Quem és, então, senhor?’ Respondeu-me: ‘Eu sou Jesus, cujo corpo pediste a Pilatos; envolveste-me num lençol de puro linho, puseste um sudário em meu rosto, colocaste-me em teu sepulcro novo e rolaste uma grande pedra para a porta do sepulcro.’
15.8 Disse eu então ao meu interlocutor: ‘Indica-me o lugar no qual eu te coloquei.’ Ele me transportou e me fez ver o lugar no qual eu o tinha colocado; lá estavam o lençol e o sudário que eu tinha posto em seu rosto. E reconheci que era Jesus. Ele me tomou pela mão e, com as portas fechadas, pôs-me em minha casa, conduziu-me ao meu leito e me disse: ‘Paz a ti!’ Depois me beijou e disse: ‘Durante quarenta dias não saias de tua casa. Eu vou para a Galiléia, para junto de meus irmãos.’”

 (Evangelho de Nicodemos in Evangelhos Apócrifos, Luigi Moraldi, Ed. Paulus, 
3ª edição, 1999, pgs. 314-316; 322)

O personagem arturiano

A figura de José de Arimatéia foi introduzida no ciclo arturiano por Robert de Boron no seu romance em verso Estoire dou Graal (Estória do Graal) ou José de Arimatéia, escrito entre 1190 e 1199, conservado num só manuscrito.[1]
Segundo a lenda, foi na casa de José de Arimatéia que ocorreu a Última Ceia de Cristo. José teria conservado o cálice da Ceia, no qual ele teria recolhido um pouco do Sangue de Jesus antes de depositá-Lo no sepulcro, que pertencia a José de Arimatéia. Em seguida, o santo teria deixado a Palestina e se dirigido à região da Bretanha (França), onde teria cuidadosamente guardado o Santo Graal.

 

Notas e referências

1.    Paris, Bibliothèque nationale de France, fr. 20047.

Tradução e Adaptação:
Gisèle do Prado
giseledoprado70@gmail.com

Fontes:
http://fr.wikipedia.org/wiki/José_d%27Arimatéia
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=50084&language=FR&img=&sz=full
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4e/Pietro_Perugino_012.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/18/Pietro_Perugino_011.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/fr/4/4c/St-thegonnec_sepulcre02.jpg

Nenhum comentário:

Postar um comentário