08/03/2011

São Paulo, o Simples, Monge, Discípulo de Santo Antônio (ou Antão), o Abade († Século IV), 07 de Março

Não se confunda São Paulo, o Simples (por sua simplicidade de menino) com São Paulo, o Eremita, cuja festa se celebra em 15 de janeiro.
São Paulo, o Simples, também era anacoreta e foi um dos mais célebres seguidores de Santo Antônio (ou Antão), o Abade, no Egito. Até os 70 anos era um camponês, quando surpreendeu sua esposa em flagrante delito, o que o ajudou a desprender-se das coisas do mundo. Abandonou sua mulher sem uma palavra de repreensão, iniciando uma viagem de oitenta dias pelo deserto a procura de Santo Antônio para pedir-lhe que o aceitasse como discípulo e que lhe ensinasse o caminho da salvação. Santo Antônio, julgando-o já muito idoso para iniciar a vida de eremita, aconselhou-o a voltar para a sua cidade e lá servir a Deus em outros trabalhos, ou que procurasse outro monastério onde pudessem acolhê-lo. E fechou as portas de seu monastério.
Em vez de obedecer ao que Santo Antônio lhe disse, permaneceu às portas (do mosteiro) durante quatro dias, entregando-se ao jejum e à oração. Santo Antônio lhe disse: «Vá embora daqui! Por que és tão teimoso? Não podes ficar aqui por toda a vida». São Paulo respondeu: «Daqui não saio e aqui vou morrer se preciso for». Vendo que Paulo não tinha alimentos e temendo que sua morte viesse a lhe pesar na consciência, Santo Antônio, contra a sua própria vontade, admitiu-o no monastério. Disse a Santo Antonio: «A primeira coisa que deves aprender é a obediência. Se queres te salvar, tens que ser obediente e fazer tudo o que peço». Paulo respondeu: «Farei tudo o que ordenares».
Santo Antônio submeteu Paulo a um difícil noviciado que faria desistir qualquer novato. Primeiramente, ordenou que Paulo ficasse orando fora da cela, até sua nova ordem. Paulo assim o fez, sob forte sol e em jejum. Depois o Abade Antônio permitiu que Paulo entrasse na cela e fosse tecer esteiras, tal qual ele fazia. Assim fez o ancião, sem deixar de orar. Quando tinha feito 15 esteiras, o Abade lhe disse que estavam mal feitas e ordenou que as desmanchasse e refizesse todas. Paulo assim obedeceu sem murmurar. Quando terminou pela segunda vez, ainda em jejum, o Abade Antônio o submeteu a outra prova: pediu a Paulo que umedecesse os pães para depois serem comidos mais facilmente, pois estavam muito secos. Paulo assim o fez, sem comê-los, mesmo que sua fome fosse enorme. Depois desta tarefa, Santo Antônio sentou-se junto de Paulo e, sem tocar no alimento, cantaram salmos durante muito tempo, até o entardecer, antes de finalmente comer os pães. Após se alimentarem, descansaram um pouco e voltaram a rezar até o cair da tarde.
No início da noite, o Abade perguntou a Paulo: «Queres outro pedaço de pão?» Paulo respondeu: «Só se também quiseres». Antônio disse: «Para mim já basta, pois sou um monge». Paulo respondeu: «Também para mim já basta, pois quero ser também um monge». Quase todos os dias as provas se repetiam, ora com pão, ora com água;  costurando e descosturando as vestes etc. Por mais absurdas que pudessem parecer as ordens do Abade Antônio, Paulo obedecia prontamente. Certa vez, quando havia visitas no monastério, Paulo perguntou-lhe se os profetas  existiram antes de Jesus ou depois dele. O Abade, envergonhado pela ignorância de seu discípulo, pediu que ele se retirasse  da sala e guardasse silêncio até segunda ordem. Paulo assim o fez. Alertado por outros monges, Santo Antônio, que havia se esquecido do silêncio imposto a Paulo, permitiu que voltasse a falar. Compreendendo que Paulo já  tinha dado provas suficientes de sua obediência, exclamou: «Este monge nos deixa atrás de todos, pois obedece sem reclamar às palavras humanas e às palavras que vêm do céu, e nós, freqüentemente, fechamos nossos ouvidos  para elas». Assim, vendo que Paulo estava pronto, Santo Antônio, o Abade destinou-lhe uma cela monástica distante da sua uns cinco quilômetros e  lá o visitava com freqüência.
Rapidamente descobriu que Paulo possuía dons espirituais e que curava e exorcizava muitas pessoas. Quando Santo Antônio não conseguia curar alguém, indicava que fosse procurar Paulo, e este o curava infalivelmente. Outro de seus dons era ler o que passava nos corações das pessoas. Ao ver uma pessoa, já sabia se suas intenções eram boas ou não.  Guiado pelos sinais de Deus na vida daquele monge ancião, Santo Antônio, o Abade, estimava Paulo mais do que aos outros discípulos, a ponto de sempre se referir a ele como modelo de obediência.
Tradução e publicação neste site com permissão de www.ortodoxia.org
Trad.: Pe. Pavlos Tamanini

Fonte:
http://ecclesia.com.br/synaxarion/?p=3467#more-3467

Nenhum comentário:

Postar um comentário