29/03/2011

Santo Acácio (ou Agatângelo), Bispo (+250), 31 de Março

Santo Acácio, cognominado Agatângelo, isto é, Anjo Bom, viveu como bispo de Antioquia quando  Décio era imperador romano. Em Antioquia existiam muitos Marcionitas, que abandonaram a religião cristã quando os católicos, guiados pelo bispo, permaneceram firmes na fé. O próprio bispo, por motivos de  religião, foi citado perante o tribunal de  Marciano.  Eis o interrogatório:
Marciano: "Tens  a  felicidade de  viver sob a proteção das leis romanas. Convém, pois, que honres e  veneres nossos  príncipes, nossos  defensores."
Acácio: "Quem  poderá ter nisso mais interesse que os cristãos, e  por quem o imperador é mais amado, senão por eles? É a  nossa oração constante, que tenha longa  vida aqui no mundo, governe com justiça os povos  e lhe seja conservada a paz; nós rezamos pela  salvação dos soldados  e  de  todas as classes do império." 
Marciano: "Tudo  isto é muito louvável, mas para dar  ao imperador  uma  prova de submissão,  vem comigo e oferece  o sacrifício aos deuses." 
Acácio: "Já  te disse  que faço oração ao supremo Deus pelo imperador;  este, porém, como  criatura nenhuma, não poderá exigir de nós que lhe sacrifiquemos." 
Marciano: "Dize-me, pois, que Deus adoras, para que possamos  acompanhar-te em tuas orações." 
Acácio: "Tomara que O conheças!"  
Marciano: "Que nome tem ele?"
Acácio: "É o Deus  de  Abraão, Isaac e Jacó."  
Marciano: "São deuses também?"
Acácio: "Não são deuses, mas homens a  quem Deus se comunicou. Há um só Deus a quem é devida toda a oração." 
Marciano:  "Afinal, quem é esse Deus?" 
Acácio: "É o Altíssimo, que tem seu trono sobre Querubins e Serafins." 
Marciano: "Que coisa é Serafim?"
Acácio: "Um mensageiro do altíssimo e príncipe dos mais distintos da corte  celestial." 
Marciano: "Deixa de  contar-nos as tuas  fantasias. Abandona aqueles seres invisíveis e  adora aos  deuses  visíveis."  
Acácio: "Dize-me que deuses são." 
Marciano: "É Apolo, o salvador dos homens, que nos defende contra  a peste e a fome, que ilumina e governa o mundo." 
Acácio: "Eu, adorar Apolo, que não pode  salvar-se a  si mesmo; Apolo, cujas paixões inconfessáveis  são conhecidas por  Dafne e Narciso; Apolo que, como um companheiro de Netuno, trabalhou como pedreiro, para ganhar pão;  eu, adorar  Apolo?  Pelo  mesmo motivo podia queimar incenso a  Esculápio, vítima  do assassino  Júpiter, à lúbrica Venus e  a  outros aventureiros do vosso culto. Isto eu nunca farei, embora custe a  minha vida. Como poderia adorar divindades, cuja imitação é uma vergonha e  cujos imitadores são punidos pela lei?"  
Marciano: "Sei que vós, cristãos, injuriais os nossos  deuses. Por isso eu te ordeno que me acompanhes  ao banquete, que será dado em homenagem a  Júpiter e Juno."  
Acácio: "Poderia eu adorar um homem, cujo túmulo ainda existe  na ilha de Creta?  Por acaso ressuscitou?"
Marciano: "Basta de palavras:  escolhe entre o sacrifício ou a morte." 
Acácio: "Esta é a linguagem dos saltadores na Dalmácia:  a bolsa ou a vida!  Nada. Nada receio;  se fosse eu um adúltero, salteador ou ladrão, eu mesmo me julgaria; se, porém,  me condenam por ter adorado o Deus vivo e  verdadeiro,  a  injustiça  está ao lado do juiz."  
Marciano: "Tenho ordem de obrigar-te ao sacrifício ou punir tua desobediência." 
Acácio: "Ordem  minha é não negar a  Deus; devo obedecer ao Deus poderoso e eterno que disse  que negará perante Seu Pai àquele  que  O negar diante dos homens." 
Marciano: "Estás confessando o erro da tua seita, em dizer que Deus tem um filho."
Acácio: "Sem dúvida que tem!" 
Marciano: "Quem é este Filho de Deus?" 
Acácio: "A Palavra da  Verdade e  da graça." 
Marciano: "Este é seu nome?"  
Acácio:  "Não me perguntes pelo seu nome, mas quem era." 
Marciano: "Qual é pois  seu nome?" 
Acácio: "Jesus Cristo."
Marciano: "De que esposa Deus teve este filho?"  
Acácio: "Deus  tem Seu Filho, não de maneira humana, gerado de mulher;  pois o primeiro homem foi criado por suas mãos. De limo da  terra formou  o corpo  humano e deu-lhe um  espírito. O Filho de Deus, o Verbo da Verdade, saiu do coração de  Deus,  como está escrito:  ‘Meu coração produziu boa palavra’ (Sl 44, 1)."
Marciano insistiu que sacrificasse  aos deuses e  imitasse os exemplos  dos Montanitas, dando assim um bom exemplo de obediência.
Acácio, porém, respondeu: "O povo obedece a Deus e não a mim."  
Marciano: "Dize-me os nomes daqueles  que compõem o teu povo." 
Acácio: "Estão escritos no livro da  vida."   
Marciano: "Onde estão os feiticeiros teus  companheiros e  pregadores  de nova doutrina?"   
Acácio: "Ninguém condena a feitiçaria mais do que nós a condenamos." 
Marciano: "Esta nova religião, que introduzis, é  feitiçaria."  
Acácio: "É feitiçaria  atirar ao chão ídolos feitos por mão humana? Nós tememos só Àquele que é Senhor do Universo, que nos ama como um Pai, que como Pastor misericordioso nos salvou da morte e do inferno."  
Marciano: "Dize-me os nomes que te pedi, se quiseres  poupar-te dos tormentos." 
Acácio: "Aqui estou diante do tribunal. Desejas  saber o meu nome  e  dos meus companheiros. Como vencerás os outros, se eu sozinho te envergonho?  Pois seja feita a tua vontade. Eu me chamo Acácio, ou Agatângelo, e com este nome sou mais conhecido. Meus companheiros são Piso, bispo de Tróia e o sacerdote Menandro. Agora faze o que entenderes."  
Marciano: "Hás de ficar preso, até que o imperador tenha tomado conhecimento do teu processo." 
Décio  ficou comovido  pela leitura das atas  e concedeu a Acácio plena liberdade  no exercício da religião. Ignora-se a data da  morte do Santo. Os gregos, egípcios e  todas as Igrejas do Oriente celebram a sua festa no dia 31 de março. 

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=saintfeast&localdate=20110331&id=11794&fd=0
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=38564&language=PT&img=&sz=full

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