Representação de Otton de Freising em Viena. |
Otton de
Freising foi um Bispo e cronista alemão, historiador de Frederico Barberousse,
sendo um dos grandes teóricos da história do período medieval. Nasceu em
Klosterneuburg em 1112 e morreu em 28 de setembro de 1158 na Abadia de
Morimond, onde está enterrado.
Filho do
marquês Leopoldo III da Áustria e de Agnès da Germânia, filha do Imperador
Henrique IV, Otton pertencia à dinastia germânica de Babenberg. Foi educado no
mosteiro de Neuburg, na Baviera, antes de ir estudar em Paris, por volta de
1126-1136. Estudante de teologia, interessava-se igualmente pela filosofia
escolástica, a qual mais tarde ele introduziria na Alemanha. Em 1132, Otton
entrou para o mosteiro cisterciense de Morimond na Borgonha; em 1138 foi
ordenado sacerdote e, em seguida, eleito abade daquele mosteiro. Nesse mesmo
ano foi nomeado Bispo de Freising na Baviera. Participou da malfadada Segunda
Cruzada, em 1147, ao lado de seu irmão, o Rei Conrado III. O grupo dos Cruzados
comandado pelo Bispo é dizimado, mas Otton consegue chegar a Jerusalém,
retornando então para a Baviera por volta de 1148-1149. Recebeu os favores do
sucessor de Conrado, o Imperador Frederico Barberousse, notadamente arbitrando
a disputa em torno do ducado da Baviera em 1156. No ano seguinte, participou da
Dieta de Besançon. Morreu na abadia de Morimond em 22 de setembro de 1158.
Teologia da
História
Em De
duabus civitatitibus (As duas cidades), uma crônica filosófica e histórica em
oito volumes, Otton de Freising retoma a tradiçãos agostiniana das duas cidades
místicas, uma terrestre e a outra celeste, simbolizadas respectivamente por
Babilônia e Jerusalém. Identifica a cidade terrestre nos impérios que se
sucederam desde o começo do mundo. Durante esta sequência de reinados, a
autoridade passa assim dos Romanos aos Gregos, dos Gregos aos Francos, dos
Francos aos Lombardos, e dos Lombardos aos Germânicos. Esta história é a
descrição de uma longa e contínua decadência, e a dissolução de Roma prefigura
a dissolução do Universo. Na época de Otton, o Santo Império Romano-Germânico
aparece como um tipo de corpo terrestre da cidade de Deus, e isso desde a
conversão de Constantino. Ora, a Igreja parece crescer à medida que o Império
entra em decadência. Eis a razão por que Otton admite a existência não de duas
cidades, mas de apenas uma, que ele chama de Igreja. Esta crônica, escrita
durante a guerra civil na Alemanha, contém igualmente informações preciosas
sobre a história de seu tempo.
A morte de Gregório VII na Gest Frederici
(manuscrito de Iéna).
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Otton é
particularmente o primeiro a mencionar o Padre João em sua crônica. No seu
sétimo livro, ele menciona uma embaixada armênia vinda à corte do Papa Eugênio
III contar sobre a dramática situação do Reino de Jerusalém desde a tomada de
Edessa pelos muçulmanos. Todavia, um Bispo de Gebal chamado Hugo conta o
fracasso infligido aos Turcos seljúcidas por um certo Johannes, cristão
nestoriano cujo projeto era socorrer a Terra Santa. Do ponto de vista
histórico, a comitiva dos filhos de Gengis Khan incluía uma minoria nestoriana.
Em 1620, a invasão da Síria aiúbida por Houlagou Khan assumiu efetivamente a
característica de uma cruzada
nestoriana. Do ponto de vista espiritual, esta embaixada é, de alguma forma, um
outro caminho que leva à salvação. A reintegração da Igreja armênia prefigura o
fim das querelas dogmáticas e rituais no seio da Igreja universal. Além disso,
o Padre João é a feliz junção dos dois poderes que governam o destino do mundo:
a autoridade espiritual e o poder temporal. O vencedor dos Persas, incarnando
as qualidades sacerdotais e reais, assume a paz escatológica.
As Gesta
Frederici, redigidas sob a ordem de Barberousse entre 1157-1158, é uma história
em quarto volumes da casa dos Hohenstaufen. A crônica começa com a querela das
Investiduras e termina por volta de 1156. A partir do terceiro volume, a
crônica tem sua continuação escrita por um discípulo chamado Ragewin ou
Rahewin.
Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
Fontes:
https://fr.wikipedia.org/wiki/Otton_de_Freising
https://fr.wikipedia.org/wiki/Otton_de_Freising#/media/File:Ottovonfreising.jpg
https://fr.wikipedia.org/wiki/Otton_de_Freising#/media/File:Investiturstreit.jpg
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