07/09/2017

Beata Eugênia Picco, leiga († 1921), 7 de setembro



Eugênia Picco nasce em Crescenzago (Milão) em 8 de novembro de 1867, filha de José Picco e de Adelaide Del Corno. O pai é um músico renomado e cego do “La Scala” de Milão. A mãe é uma mulher frívola, que não ama seu marido, mas sim o dinheiro, o sucesso e as viagens. Eugênia é frequentemente deixada com seus avós, encontrando seus pais somente em breves intervalos entre as diversas tournées, até o dia em que a mãe volta sozinha, sem seu marido, dando-o por morto. Eugênia nunca mais terá notícias de seu pai. A partir de então, sua mãe a obriga a morar com ela e seu novo companheiro, com quem terá, em seguida, dois filhos.

Eugênia cresce num ambiente moralmente arruinado, sem religião, tendo que se sujeitar aos desejos mundanos de sua mãe, que sonhava ver a filha uma cantora de sucesso. Eugênia também tinha que se submeter ao companheiro da mãe, o qual a irritava e molestava. “Perigos e ocasiões em casa e fora dela”, dirá Eugênia ao se lembrar desses anos de tormentos e da força “instintiva” de orar, de elevar o pensamento ao alto, no silêncio da austera Basílica de Santo Ambrósio de Milão, onde ela vai todos os dias para invocar a Deus, quase sem conhecê-Lo. Numa tarde de maio de 1886, Eugênia sente a vocação à santidade. A partir desse momento ela buscará, com alegria e fidelidade jamais desmentidas, a perfeição.

Aos vinte anos, Eugênia decide buscar Jesus e a santidade. Entra para a recentemente fundada Família religiosa das “Piccole Figlie” (Filhinhas) dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, fugindo de sua casa em 31 de agosto de 1887. Logo ela será acolhida na nova Família, onde é compreendida e amada por seu fundador, o Venerável Agostino Chieppi.

Eugênia inicia seu noviciado em 26 de agosto de 1888 e, em 10 de junho de 1891, faz seus primeiros votos pelas mãos do próprio fundador; os votos perpétuos serão professados em 1º de junho de 1894. Simples e humilde, fiel e generosa, ela se consagra sem reservas: aos alunos condenados e deportados, aos quais ela ensina música, canto e francês; às noviças das quais ela se torna mãe e Mestra; às suas Irmãs, servindo como arquivista, secretária geral e conselheira.

Em junho de 1911, Eugênia é eleita Superiora geral, cargo que ocupará até sua morte. Corajosa, faz voto de realizar com serena perfeição e tranquila seus deveres de Superiora, a fim de cumprir a vontade de Deus, sendo uma sábia e prudente incentivadora de sua Congregação. Durante seu mandato realiza uma atividade esclarecida e prudente visando a organizar seu Instituto de forma duradoura, assumindo a tarefa de estabelecer as instruções transmitidas pelo Fundador.

Para toda gente ela é uma mãe, especialmente para os pobres, os pequenos, os marginais que ela serve com caridade generosa e incansável. Os necessitados e os dramas de seus irmãos durante a Primeira Guerra Mundial (1915-1918) abrem-lhe ainda mais o coração, que se faz acolhedor a toda lamentação, a toda dor, a toda preocupação social e pessoal.

Para Irmã Eugênia, seu principal sustento – apoio vital de sua vida interior e de toda obra e ação apostólica – é a Eucaristia, seu grande amor, centro de sua piedade, alimento, reconforto e alegria de seus dias repletos de oração e cansaço. Em Eugênia, Cristo infunde Seu zelo pela salvação das almas, Seu desejo fervoroso de reconduzir todas as pessoas à casa do Pai. A razão de sua incessante atividade caritativa se encontra no seu amor ardente a Cristo.

Com a saúde debilitada num corpo corroído pela tuberculose óssea, doença que em 1919 conduz à amputação de sua perna direita inferior, Irmã Eugênia se dispõe a cumprir o desejo do Pai. Está pronta a toda imolação e se mostra sempre como a amiga sorridente de Cristo, dos irmãos e do mundo. Este dinamismo que concentra todos os seus desejos, toda a vontade de Deus, esta resolução decidida e terna à perfeição traduzida por uma vida de mortificação de pureza, obediência, heroísmo nas obras de virtude, vivendo o ordinário mais humilde de um modo extraordinário, tudo isso determina o clima no qual a vida de Irmã Eugênia Picco se desenrola. Cumpre sua total consagração a Deus na doença e na morte, em 7 de setembro de 1921. Sua reputação de santidade se preserva, aumentando ainda mais após sua morte. Por toda parte se ouve falar de admiração e veneração a Irmã Eugênia, considerada por todos como um exemplo de extraordinária virtude e como um modelo de piedade, zelo, prudência, bem como de espírito de sacrifício e de sabedoria.

O processo de beatificação da religiosa começa em setembro de 1945. Sua virtude heroica é reconhecida em 18 de fevereiro de 1989 e, em 20 de dezembro de 1999, é publicado o decreto do milagre atribuído à sua intercessão, que reconhece a cura milagrosa de Camille Talubingi Kingombe, da diocese de Uvira (ex-Zaire), ocorrida em 25 de agosto de 1992.

Eugênia Picco é beatificada em Roma no dia 7 de outubro de 2001 por São João Paulo II (Homilia do Santo Padre), junto com outros seis servidores de Deus: Ignazio Maloyan, Bispo e mártir; Nikolaus Gross, pai de família e mártir; Alfonso Maria Fusco, Padre; Tommaso Maria Fusco, Padre; Emilie Tavernier-Gamelin, Religiosa; Maria Euthymia Uffing, Religiosa.

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel

Fontes principais:
http://levangileauquotidien.org/main.php?language=FR&module=saintfeast&localdate=20170907&id=16399&fd=0
http://levangileauquotidien.org/zoom_img.php?frame=47285&language=FR&img=&sz=full

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