
Eugênia cresce num ambiente
moralmente arruinado, sem religião, tendo que se sujeitar aos desejos mundanos
de sua mãe, que sonhava ver a filha uma cantora de sucesso. Eugênia também
tinha que se submeter ao companheiro da mãe, o qual a irritava e molestava.
“Perigos e ocasiões em casa e fora dela”, dirá Eugênia ao se lembrar desses
anos de tormentos e da força “instintiva” de orar, de elevar o pensamento ao
alto, no silêncio da austera Basílica de Santo Ambrósio de Milão, onde ela vai
todos os dias para invocar a Deus, quase sem conhecê-Lo. Numa tarde de maio de
1886, Eugênia sente a vocação à santidade. A partir desse momento ela buscará,
com alegria e fidelidade jamais desmentidas, a perfeição.
Aos vinte anos, Eugênia decide
buscar Jesus e a santidade. Entra para a recentemente fundada Família religiosa
das “Piccole Figlie” (Filhinhas) dos Sagrados Corações de Jesus e Maria,
fugindo de sua casa em 31 de agosto de 1887. Logo ela será acolhida na nova
Família, onde é compreendida e amada por seu fundador, o Venerável Agostino
Chieppi.
Eugênia inicia seu noviciado em
26 de agosto de 1888 e, em 10 de junho de 1891, faz seus primeiros votos pelas
mãos do próprio fundador; os votos perpétuos serão professados em 1º de junho
de 1894. Simples e humilde, fiel e generosa, ela se consagra sem reservas: aos
alunos condenados e deportados, aos quais ela ensina música, canto e francês;
às noviças das quais ela se torna mãe e Mestra; às suas Irmãs, servindo como
arquivista, secretária geral e conselheira.
Em junho de 1911, Eugênia é
eleita Superiora geral, cargo que ocupará até sua morte. Corajosa, faz voto de
realizar com serena perfeição e tranquila seus deveres de Superiora, a fim de
cumprir a vontade de Deus, sendo uma sábia e prudente incentivadora de sua
Congregação. Durante seu mandato realiza uma atividade esclarecida e prudente
visando a organizar seu Instituto de forma duradoura, assumindo a tarefa de
estabelecer as instruções transmitidas pelo Fundador.
Para toda gente ela é uma mãe,
especialmente para os pobres, os pequenos, os marginais que ela serve com
caridade generosa e incansável. Os necessitados e os dramas de seus irmãos
durante a Primeira Guerra Mundial (1915-1918) abrem-lhe ainda mais o coração,
que se faz acolhedor a toda lamentação, a toda dor, a toda preocupação social e
pessoal.
Para Irmã Eugênia, seu principal
sustento – apoio vital de sua vida interior e de toda obra e ação apostólica –
é a Eucaristia, seu grande amor, centro de sua piedade, alimento, reconforto e
alegria de seus dias repletos de oração e cansaço. Em Eugênia, Cristo infunde
Seu zelo pela salvação das almas, Seu desejo fervoroso de reconduzir todas as
pessoas à casa do Pai. A razão de sua incessante atividade caritativa se
encontra no seu amor ardente a Cristo.
Com a saúde debilitada num corpo
corroído pela tuberculose óssea, doença que em 1919 conduz à amputação de sua
perna direita inferior, Irmã Eugênia se dispõe a cumprir o desejo do Pai. Está
pronta a toda imolação e se mostra sempre como a amiga sorridente de Cristo,
dos irmãos e do mundo. Este dinamismo que concentra todos os seus desejos, toda
a vontade de Deus, esta resolução decidida e terna à perfeição traduzida por
uma vida de mortificação de pureza, obediência, heroísmo nas obras de virtude,
vivendo o ordinário mais humilde de um modo extraordinário, tudo isso determina
o clima no qual a vida de Irmã Eugênia Picco se desenrola. Cumpre sua total
consagração a Deus na doença e na morte, em 7 de setembro de 1921. Sua
reputação de santidade se preserva, aumentando ainda mais após sua morte. Por
toda parte se ouve falar de admiração e veneração a Irmã Eugênia, considerada
por todos como um exemplo de extraordinária virtude e como um modelo de
piedade, zelo, prudência, bem como de espírito de sacrifício e de sabedoria.
O processo de beatificação da
religiosa começa em setembro de 1945. Sua virtude heroica é reconhecida em 18
de fevereiro de 1989 e, em 20 de dezembro de 1999, é publicado o decreto do
milagre atribuído à sua intercessão, que reconhece a cura milagrosa de Camille
Talubingi Kingombe, da diocese de Uvira (ex-Zaire), ocorrida em 25 de agosto de
1992.
Eugênia Picco é beatificada em
Roma no dia 7 de outubro de 2001 por São João Paulo II (Homilia do Santo
Padre), junto com outros seis servidores de Deus: Ignazio Maloyan, Bispo e
mártir; Nikolaus Gross, pai de família e mártir; Alfonso Maria Fusco, Padre;
Tommaso Maria Fusco, Padre; Emilie Tavernier-Gamelin, Religiosa; Maria Euthymia
Uffing, Religiosa.
Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
Fontes principais:
http://levangileauquotidien.org/main.php?language=FR&module=saintfeast&localdate=20170907&id=16399&fd=0
http://levangileauquotidien.org/zoom_img.php?frame=47285&language=FR&img=&sz=full
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