16/10/2017

Santa Teresa d'Ávilla, Doutora da Igreja (1515-1582), 15 de Outubro - Dia dos Mestres



Nasceu no dia 28 de março de 1515 e foi batizada Tereza de Cepeda Y Ahumada, em Avila, Castilha, Espanha. Filha de Alonso Sanchez de Cepeda e Beatrice Davila y Ahumada, Tereza foi educada pelas irmãs Agostinianas até 1532, quando voltou para casa por causa de sua saúde. Quatro anos mais tarde, entrou para o Convento das Carmelitas Descalças, em Ávila, um estabelecimento que era negligente com relação à pobreza e à clausura. Ela retornou novamente para casa em 1536 por dois anos devido a sua saúde. De 1555 a 1556, Tereza teve visões e ouviu vozes. No ano seguinte, São Pedro de Alcântara passou a ser o seu diretor espiritual, ajudando-a sobremaneira em seu apostolado religioso.

Desejosa de ser uma freira que obedecesse rigidamente às regras das Carmelitas, Tereza fundou em 1567 o convento de São José em Ávila onde ela foi seguida por outras irmãs que desejavam uma vida mais rígida. Em 1568 ela recebeu permissão do Pior Geral da Ordem das Carmelitas para continuar no seu trabalho e ela fundou 16 outros conventos, recebendo o apelido e "a freira ambulante", devido as suas freqüentes viagens. Tereza se encontrou com São João da Cruz outro Carmelita buscando a reforma, em Medino del Campo, local do seu segundo convento. Ela fundou ainda um monastério para homens em Duruelo em 1568, mas passou a responsabilidade de dirigir e reformar ou fundar outros novos monastérios para São João da Cruz.

A oposição que se desenvolveu entre as Carmelitas (calçadas) e membros da Ordem original e o Consilho de Piacenza em 1575 restringiu muito as suas atividades. A rixa continuou até que o Papa Gregório XIII (1572-1585), a pedido do Rei Felipe II, da Espanha, reconheceu as Reformadas Carmelitas Descalças como uma província separada da Ordem das Carmelitas originais. Nesta altura, a maturidade espiritual de Santa Tereza era evidente, e seu livros e cartas foram sendo conhecidos, tornando-se clássicos da literatura espiritual. Logo incluíram sua autobiografia chamada "O caminho da Perfeição" e o seu livro "Castelo Interior" como clássicos da teologia espiritual.

Santa Tereza foi reverenciada como uma grande mística, tendo notável senso de humor e bom senso, combinando uma deslumbrante atividade, com uma mística contemplação. Ela morreu no dia 4 de outubro de 1582 (14 de outubro pelo calendário Gregoriano, que entrou em efeito no dia seguinte à sua morte, e avançou o calendário em 10 dias). Foi canonizada em 1622 pelo Papa Gregório XV e declarada Doutora da Igreja em 1970 pelo Papa Paulo VI.

Santa Teresa D'Ávila foi agraciada com diversas visões relacionadas à Eucaristia; a primeira visão abaixo descrita lhe foi concedida logo após uma outra, na qual lhe havia sido revelada a glória de Jesus junto a Deus Pai. A essa visão da glória de Jesus a Santa aqui se refere ao dizer que "recordava aquela altíssima Majestade que vira".

“Quando eu me chegava à comunhão e recordava aquela altíssima Majestade que vira e pensava que era Ele que estava no Santíssimo Sacramento (tanto mais que muitas vezes quer o Senhor que eu O veja na hóstia), os cabelos se me eriçavam na cabeça e parecia que toda me aniquilava. Oh! Senhor meu! Mas se não encobrísseis vossa grandeza, quem ousara chegar tantas vezes a reunir coisa tão suja e miserável com tão grande Majestade? Bendito sejais, Senhor. Louvado sejais pelos anjos e por todas as criaturas, porque assim medis as coisas por nossa fraqueza para que, gozando de tão soberanas mercês, Vosso grande poder não nos assuste e, gente fraca e miserável que somos, não as ousemos gozar.

Poderia nos acontecer o que, segundo sei ao certo, sucedeu a um lavrador. Encontrou um tesouro, que valia muito mais do que cabia no seu ânimo mesquinho; e vendo-se com aquela riqueza, deu-lhe uma tristeza tão grande que pouco a pouco veio a morrer de pura aflição, por não saber o que faria com o seu achado. Se não o encontrasse todo de uma vez, mas pouco a pouco lho fossem dando e sustentando com ele, viveria mais contente do que sendo pobre, e não lhe custaria a vida.

Oh! Riqueza dos pobres, quão admiravelmente sabeis sustentar as almas e, sem que vejam tão grandes riquezas, pouco a pouco as ides mostrando! Quando eu vejo uma majestade tão grande dissimulada em coisa tão pouca como é a Hóstia, fico a admirar sabedoria tão imensa e não sei como me dá o Senhor ânimo e esforço bastante para chegar-me a Si; e se Ele, que me fez e ainda faz mercês tão grandes, ânimo não me desse, nem me seria possível dissimular, nem deixar de dizer aos brados tão grandes maravilhas. Pois que sentirá uma miserável como eu, carregada de abominações e que com tão pouco temor de Deus gastou a sua vida, ao se acercar deste Senhor de tão grande majestade, quando Ele quer que minha alma o veja? Uma boca que tantas palavras falou contra aquele mesmo Senhor, como se poderá juntar àquele corpo gloriosíssimo, cheio de pureza e piedade? E mais dói e aflige a alma, por não O haver servido, o amor que mostra aquele rosto de tanta formosura, com tão grande ternura e afabilidade — do que imprime temor a majestade que n’Ele se vê. Mas que poderia eu sentir nas duas vezes em que vi isso? Que direi?

Uma vez, chegando-me à comunhão, vi com os olhos da alma dois demônios, mais claramente que com os olhos do corpo; tinham abominável figura. Parece-me que os seus cornos rodeavam a garganta do pobre sacerdote. E vi o meu Senhor, com a majestade em que já falei, na Partícula que eu ia receber, posto naquelas mãos que claramente mostravam ser criminosas e entendi que estava aquela alma em pecado mortal. Que seria, Senhor meu, ver Vossa formosura entre figuras tão abomináveis! Estavam eles como amedrontados e espantados diante de Vós. E de bom grado parece que fugiriam se Vós os deixásseis ir. Deu-me enorme perturbação e não sei como pude comungar; fiquei com grande temor, parecendo-me que, se fora visão de Deus, não permitira Sua Majestade visse eu o mal que estava naquela alma. Disse-me o próprio Senhor que rogasse por ele e que me permitira aquela vista a fim de que eu entendesse a força que têm as palavras da consagração e como não deixa Deus de estar ali, por mau que seja o sacerdote que as diz; e para que eu visse a sua grande bondade pondo-se nas mãos do seu inimigo — tudo para meu bem e bem de todos. Entendi quão mais obrigados que os outros estão os sacerdotes a ser bons, que coisa terrível é tomarem indignamente este Santíssimo Sacramento, e quão senhor é o demônio da alma que está em pecado mortal. Sobejo proveito me fez esta visão e sobejo conhecimento me deu do que devia a Deus. Bendito seja para todo o sempre.”

Adaptação:
Gisèle Pimentel

Fontes:
http://www.cademeusanto.com.br/santa_teresa_d.htm
http://evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=45384&language=PT&img=&sz=full

Um comentário:

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