16/10/2017

Beata Jeanne Leber, Leiga, Reclusa de Ville-Marie (1662-1714), 12 de Outubro



Entre as grandes figuras religiosas que ilustraram a Nova França (Canadá) em seus primórdios, a beata Jeanne Leber ocupa um lugar excepcional: a de reclusa. Filha única de Jacques Leber, o maior negociante do Canadá à época, e de Jeanne Lemoyne, irmã do Barão de Longueil, ambos profundos cristãos, Jeanne nasceu em Ville-Marie, atualmente Montréal, em 4 de janeiro de 1662. Seus padrinhos foram Maisonneuve e Jeanne Mance.

Aos quinze anos, Jeanne concluiu seus estudos e retornou para Ville-Marie. Seus pais obrigaram-na a se vestir segundo a sua alta condição social, sonhando realizar para ela um casamento bastante vantajoso. Mas Jeanne já havia, interiormente, renunciado ao mundo. Sua afeição estava voltada para as religiosas do “Hôtel-Dieu” (hospital mantido por congregações religiosas) e para as da Congregação de Nossa Senhora. Todavia, não se sentindo chamada à vida comunitária, Jeanne Leber começou a sonhar com uma vida de recolhimento, afastada do mundo, na casa paterna. Seus pais, piedosos, respeitaram sua vocação sem, contudo, compreendê-la.

Jeanne dedicou-se à reparação dos pecados do mundo, começando pelos seus próprios. Eram penitências comuns, segundo a mentalidade daquela época, usar cilício e cinto de crina, flagelar-se, comer os restos dos pobres que iam se alimentar à porta da casa do seu pai, eis o programa diário de penitências da jovem. Suas vestes eram de um tecido de lã grosseira acinzentada, sem detalhe algum, que Jeanne usava para honrar a pureza e a humildade de Maria Santíssima, e um capuz cobria sua cabeça. A piedosa reclusa saía do seu retiro apenas para participar da santa missa. Após cinco anos de reclusão decorridos sob a autoridade do seu diretor espiritual e dos superiores eclesiásticos, a jovem pronunciou os votos de perpétua reclusão, castidade e pobreza de coração.

Em 4 de junho de 1685, Jeanne deixou a casa paterna para morar na capela que ela mesma havia mandado construir, às suas expensas, em favor da comunidade da Madre Bourgeois, pedindo apenas que lhe construíssem uma cela atrás do altar. A breve e tocante cerimônia da solene reclusão numa sexta-feira, durante a celebração das Vésperas, em 5 de agosto, festa de Nossa Senhora das Neves. O pai de Jeanne, aos 64 anos, acompanhou a filha juntamente com um grande número de parentes e amigos. Chegando à entrada da cela de Jeanne, tomado pela emoção, o Sr. Leber acabou tendo que se retirar. Um amigo da família, Sr. Dollier, exortou a Sra. Leber a perseverar no seu retiro como Maria Madalena fez, no seu isolamento numa gruta. Toda Ville-Marie viu, com espanto e admiração, o amor de Deus vitorioso na ternura natural dos pais de Jeanne.

Uma mesa de trabalho, uma cadeira, um fogão e um colchão miserável colocado perto do Tabernáculo compunham todo o mobiliário da pobre cela. Para imitar a piedade de Maria para com Jesus, a beata Jeanne Leber dedicava-se a bordar ornamentos sacerdotais e paramentos do altar.

Sua oração era contínua e sua imolação, total. À noite, ela se levantava sem acender o fogo, mesmo nos mais rigorosos invernos; não acendia luz alguma para que ninguém a percebesse. Virando-se, então, para o Santíssimo Sacramento iluminado pela claridade da lamparina do santuário, ela prolongava suas orações durante uma hora.

Os vinte últimos anos desta vítima do amor transcorreram nesta “prisão” abençoada, na aridez e nas contínuas penas interiores. Em meio a essas pungentes desolações do coração e do espírito, Jeanne nunca consagrou menos de três ou quatro horas por dia à oração e jamais deixou de fazer seus exercícios de piedade.

Esta alma celestial deixou a terra em 3 de outubro de 1714, às 9h da manhã, aos cinqüenta e dois anos de idade. Sua reclusão havia durado, ao todo, trinta e quatro anos. Seus pobres andrajos foram distribuídos aos fiéis, até mesmo seus sapatos, que eram feitos de palha. Todos os que conseguiram obter alguma coisa que tivesse pertencido à admirável reclusa, reverenciavam tal lembrança como relíquia digna de devoção. Seu corpo foi enterrado no subsolo da capela da Congregação.
Resumo O. D. M.

Tradução e Adaptação :
Gisèle do Prado Pimentel
gisele.pimentel@gmail.com

Ver também:

Fontes :
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=FR&module=saintfeast&localdate=20101012&id=11354&fd=0
http://www.magnificat.ca/cal/fran/10-12.htm

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