10/10/2017

Beato Bartolo Longo, Leigo e Fundador em Pompeia (1841-1926), 6 de outubro



Comemoração: Martyrologium Romanum, 5 de outubro (dies natalis);
Ordo Fratrum Praedicatorum,  6 de outubro.

Bartolo Longo nasceu em Latiano (Brindisi, na Puglia, Itália) em 10 de fevereiro de 1841 numa rica e renomada família. Estudou Direito Civil em Nápoles, uma época em que questionou sua fé. Fisicamente esgotado por práticas religiosas que não eram a sua vocação, Bartolo se sentia cada vez mais perdido espiritualmente. Foi então que reencontrou um amigo de infância muito piedoso a quem Bartolo respeitava bastante. Ao saber do que acontecia, este amigo aconselhou-o a se encontrar com o Padre Alberto Radente o.p. e ir se confessar. Na noite que se seguiu a essas recomendações, Bartolo viu, em sonho, sua mãe passar perto de seu leito recomendando-lhe ternamente a voltar a Cristo. No dia seguinte, Bartolo, muito emocionado, foi à igreja dedicada ao Santo Rosário para encontrar o Pardre Radente, que soube orientá-lo durante a confissão, sincera e profunda. Começava então para Bartolo uma nova vida, a serviço da Virgem Maria. Todos os dias ele recitava o Rosário, oração à qual ele permaneceu fiel até o fim de sua vida. Aos 31 anos tornou-se Dominicano Terceiro (Ordem Terceira – Bartolo não era religioso, ele permaneceu leigo), adotando o nome "fratel Rosario" (Irmão Rosário). Sob a direção espiritual do Padre Radente, Bartolo começou a estudar as obras de São Tomás de Aquino. Durante este tempo, continuou exercendo a profissão de Advogado, porém sua saúde degradada não lhe permitia mais assumir regularmente um trabalho, o que inquietava seus amigos. A Condessa Marianna Farnararo De Fusco, ao enviuvar, convidou Bartolo a se estabelecer em sua casa como preceptor de seus filhos. Ela possuía, ao lado das ruínas de Pompeia, perto de Nápoles, terras que ela não consegue mais cuidar. Bartolo ofereceu-se para administrá-las, e assim tomou conhecimento da profunda miséria espiritual e material dessa região. O que poderia fazer diante de tantas necessidades? Dedicou-se a inúmeras obras de caridade em favor dos pobres e dos filhos de presidiários. Percorria os campos entrando nas fazendas para ensinar o povo a orar, distribuindo medalhas e rosários. Pouco a pouco, as pessoas foram retomando a prática religiosa. Depois, a conselho do Bispo, construiu uma igreja que foi consagrada a Maria, instalando sobre o altar-mór um quadro da Virgem Santa, que logo suscitou uma chuva de milagres sobre a comunidade.     

Leão XIII (Vincenzo Gioacchino Pecci, Pontífice entre1878-1903), o “Papa do Rosário”, diria: “Deus se serviu desta imagem para conceder inúmeras graças que emocionaram o universo”. Com a vinda de peregrinos ao novo santuário, chegaram também os ex-votos em agradecimento por graças alcançadas e os donativos. Bartolo aproveitou para fundar um orfanato onde acolhia crianças órfãs e os filhos de prisioneiros, assegurando-lhes assim educação, profissão e instrução religiosa.

Todavia a colaboração de Bartolo com a Condessa Mariana gerou fofocas e uma verdadeira campanha caluniosa contra ambos, e decidiram consultar Leão XIII, que lhes respondeu: “Casem-se. E ninguém poderá falar mais nada.” Assim, em 19 de abril de 1885, ambos se casaram e viveram um profundo amor em Deus. Graças a eles a obra de Pompeia tem continuidade e é ampliada. Logo cerca de trinta casas são construídas em torno do santuário, depois um hospital, uma gráfica, uma estação, um observatório, uma agência de correios, dentre outras construções. Em 1887, Bartolo fundou uma congregação de Irmãs Dominicanas, as “Filhas do Santo Rosário de Pompeia”. A miséria de antes deu lugar a uma prosperidade laboriosa. 

Mas toda rosa tem espinhos: em 1905, o filho mais velho da Condessa, fracassado nos negócios, abre falência. Uma queixa é levada ao Papa São Pio X (Giuseppe Melchiorre Sarto, Pontífice entre 1903-1914), dizendo que “as oferendas das missas vão parar nos bolsos do filho de Madame Bartolo Longo”. Para resolver esta situação horrível, Bartolo renunciou espontaneamente em favor da Santa Sé a todas as suas obras. “Santo Padre, disse ele, eu posso morrer tranquilo agora?” Ao que o Papa responde: “Oh, não! Você não deve morrer, mas trabalhar, Bartolo nosso!” Então, em obediência à Igreja, ele trabalhou até quase esgotar suas forças. Publicou livros em louvor à Virgem e à Ordem, estimulando o crescimento da fé e da justiça social. Escreveu igualmente inúmeras orações, dentre as quais a “Novena de Ação de Graças, à Rainha do Rosário de Pompeia” e a “Súplica à Rainha do Rosário de Pompeia” (1883).

Bartolo viveu seus últimos dias de vida no recolhimento e na oração. Sofrendo de pneumonia dupla, morreu em 5 de outubro de 1926, aos 85 anos. A Santíssima Virgem Maria acolheu a alma de seu fiel servidor: “Meu único desejo é ver Maria que resgatou e me resgatará das garras de satan.” Estas foram suas últimas palavras.

Bartolo  Longo foi beatificado em 26 de outubro de 1980 por São João Paulo II (Karol Józef  Wojtyła, Pontífice entre 1978-2005), que via nele um “apóstolo do Rosário”, citando-o cinco vezes em sua Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae”.

“Com o Rosário em mãos, o Beato Bartolo Longo diz a cada um de nós: ‘Desperte tua confiança na Santíssima Virgem do Rosário. Santa Mãe honrada, reupouso em Vós toda a minha aflição, toda a minha esperança e toda a minha confiança!’ ” (Homilia da beatificação). Uma estação de Circumvesuviana (estrada de ferro local da região de Nápoles) leva o nome de Bartolo Longo. Para um aprofundamento biográfico:
Bartolo Longo – O advogado da Rainha do Rosário

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel

Fontes:
http://levangileauquotidien.org/main.php?language=FR&module=saintfeast&localdate=20171006&id=17191&fd=0
http://levangileauquotidien.org/zoom_img.php?frame=41438&language=FR&img=&sz=full

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