17/10/2017

Santa Maria Margarida d'Youville, Religiosa, Fundadora da Congregação das Irmãs da Caridade (Irmãs Cinza) (1701-1771), 16 de outubro



Comemorada em 23 de dezembro (dies natalis) no Martirológio Romano e em 16 de outubro (memória facultativa) no Canadá.



Primeira santa com raízes canadenses, Maria Margarida D'Youville (Marie-Marguerite Dufrost de Lajemmerais) nasceu em Varennes (Québec), em 15 de outubro de 1701. Filha de Christophe Dufrost de Lajemmerais e de Marie-Renée Gaultier de Varennes, ela teve mais duas irmãs e três irmãos. Aos sete anos perdeu seu pai, o que deixou sua família numa grande pobreza. Graças à influência de seu bisavô, Pierre Boucher, Margarida pôde estudar durante dois anos na instituição das Ursulinas de Quebec. Suas professoras descobriram nela uma personalidade bastante equilibrada e uma grande maturidade.

De volta ao lar, a adolescente auxiliava a mãe nos cuidados com a casa e na educação de seus irmãos e irmãs. Mais tarde, foi para Montreal junto com sua mãe, que havia se casado novamente, e lá conheceu
François d'Youville, com quem se casou em 1722. Muito cedo ela percebeu que François se havia tornado indiferente no lar, e ela sofria com suas ausências frequentes e seu comércio de álcool com os Indígenas. Dos seis filhos que ela teve, quatro morreram bem cedo. A essas provações se juntava o fato de que ela morava com uma sogra muito exigente. Quando repentinamente seu marido foi acometido por uma doença mortal, Margarida cuidou amorosamente dele até 1730, quando ele morreu. Na época ela estava grávida de seu sexto filho, que não sobreviveu.

A jovem viúva progressivamente foi tocada pelo amor solícito de Deus por todos os seres humanos, sentindo-se impelida a manifestar esta compaixão ao seu redor. Com uma imensa confiança na Providência desse Deus que ela ama como um Pai, Margarida iniciou diversas obras que atendiam a necessidades dos mais desprovidos.

Cuidando da educação dos dois filhos que viriam a ser tornar padres, Margarida acolheu uma cega em sua casa, em 21 de novembro de 1737. Mais tarde, com três companheiras que compartilhavam seus objetivos, ela se consagrou a Deus em 31 de dezembro daquele mesmo ano, para servir ao Senhor na pessoa dos mais pobres. Margarida tornou-se, então, sem que se desse conta, fundadora do Instituto que mais tarde seria conhecido como “Irmãs da Caridade” de Montreal (“Irmãs Cinza”).

Ao ficar do lado dos pobres, Margarida transtornou os quadros sociais de sua época. Mulher audaciosa, tornou-se alvo de chacotas e calúnias vindas de todas as partes. Ela, porém, perseverava em seu projeto, apesar de sua saúde fragilizada e da morte de uma companheira.

O incêndio que destruiu sua casa conduziu-a a radicalizar seu engajamento no serviço aos pobres. Com duas companheiras, engajou-se, em 2 de fevereiro de 1745, a colocar tudo em comum para poder ajudar um maior número de pessoas necessitadas. Dois anos mais tarde, a “mãe dos pobres”, como já era conhecida, assumiu a direção do Hospital dos Irmãos Charon, que estava em ruínas, transformando-o num refúgio que abrigasse todas as misérias humanas que seus olhos perspicazes descobrissem. Com suas Irmãs e os colaboradores e colaboradoras que a cercavam, Margarida iniciou serviços em favor dos mais pobres.

Em 1765, um incêndio destruiu o hospital, mas não a fé e a coragem da fundadora, que convidou então suas Irmãs e os pobres a louvarem a Deus, reconhecendo-O nesta provação. E como se previsse o futuro, Margarida iniciou, aos 64 anos, a reconstrução desse refúgio para pessoas desfavorecidas. Esgotada, ela morreu em 23 de dezembro de 1771, deixando a lembrança de uma mãe que serviu com compaixão a Jesus Cristo nos mais pobres.

A sementinha jogada em terras canadenses em 1737 por esta filha da Igreja tornou-se uma árvore que estende suas raízes sobre quase todos os continentes. As “Irmãs da Caridade” de Montreal, ou “Irmãs Cinza”, com suas comunidades-irmãs de Saint Hyacinthe, de Ottawa, de Québec, as “Irmãs Cinza do Sagrado Coração” (Filadélfia) e as “Irmãs Cinza da Imaculada Conceição” (Pembroke), prosseguem a mesma missão com audácia e esperança.

Em 3 de maio de 1959, São João XXIII (Angelo Giuseppe Roncalli, Pontífice entre 1958-1963) proclamou Beata esta Mãe da caridade universal, esta mulher que tinha o coração sem fronteiras. A partir desse dia, a devoção popular para com esta serva dos pobres só cresceu, e inúmeras graças foram obtidas através de sua intercessão. Uma delas, que serviu como milagre exigido para a canonização, foi a cura de uma jovem acometida por leucemia mieloblástica em 1978.

Ainda hoje, Margarida d'Youville sabe compreender, por tê-las vivido, as duras situações que marcam tantas crianças órfãs, adolescentes inquietos com o futuro, jovens desiludidos, esposas intimidadas, famílias monoparentais, pessoas engajadas em obras de caridade aquelas cujas vidas são consagradas a Deus no serviço aos irmãos e irmãs.

Margarida d'Youville foi canonizada em 9 de dezembro de 1990 por São João Paulo II (Karol Józef Wojtyła, Pontífice entre 1978-2005).

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel

Fontes:
http://evangelhoquotidiano.org/main.php?language=FR&module=saintfeast&localdate=20171016&id=13922&fd=0
http://evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=37203&language=FR&img=&sz=full

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