Comemorada em 23 de dezembro (dies natalis) no Martirológio Romano e
em 16 de outubro (memória facultativa)
no Canadá.
Primeira santa com raízes canadenses, Maria Margarida
D'Youville (Marie-Marguerite Dufrost de Lajemmerais) nasceu em Varennes
(Québec), em 15 de outubro de 1701. Filha de Christophe Dufrost de Lajemmerais
e de Marie-Renée Gaultier de Varennes, ela teve mais duas irmãs e três irmãos.
Aos sete anos perdeu seu pai, o que deixou sua família numa grande pobreza. Graças
à influência de seu bisavô, Pierre Boucher, Margarida pôde estudar durante dois
anos na instituição das Ursulinas de Quebec. Suas professoras descobriram nela
uma personalidade bastante equilibrada e uma grande maturidade.
De volta ao lar, a adolescente auxiliava a mãe
nos cuidados com a casa e na educação de seus irmãos e irmãs. Mais tarde, foi para
Montreal junto com sua mãe, que havia se casado novamente, e lá conheceu
François d'Youville, com quem se casou em
1722. Muito cedo ela percebeu que François se havia tornado indiferente no lar,
e ela sofria com suas ausências frequentes e seu comércio de álcool com os
Indígenas. Dos seis filhos que ela teve, quatro morreram bem cedo. A essas
provações se juntava o fato de que ela morava com uma sogra muito exigente. Quando
repentinamente seu marido foi acometido por uma doença mortal, Margarida cuidou
amorosamente dele até 1730, quando ele morreu. Na época ela estava grávida de
seu sexto filho, que não sobreviveu.
A jovem viúva progressivamente foi tocada pelo
amor solícito de Deus por todos os seres humanos, sentindo-se impelida a
manifestar esta compaixão ao seu redor. Com uma imensa confiança na Providência
desse Deus que ela ama como um Pai, Margarida iniciou diversas obras que
atendiam a necessidades dos mais desprovidos.
Cuidando da educação dos dois filhos que
viriam a ser tornar padres, Margarida acolheu uma cega em sua casa, em 21 de
novembro de 1737. Mais tarde, com três companheiras que compartilhavam seus
objetivos, ela se consagrou a Deus em 31 de dezembro daquele mesmo ano, para
servir ao Senhor na pessoa dos mais pobres. Margarida tornou-se, então, sem que
se desse conta, fundadora do Instituto que mais tarde seria conhecido como “Irmãs
da Caridade” de Montreal (“Irmãs Cinza”).
Ao ficar do lado dos pobres, Margarida
transtornou os quadros sociais de sua época. Mulher audaciosa, tornou-se alvo
de chacotas e calúnias vindas de todas as partes. Ela, porém, perseverava em
seu projeto, apesar de sua saúde fragilizada e da morte de uma companheira.
O incêndio que destruiu sua casa conduziu-a a
radicalizar seu engajamento no serviço aos pobres. Com duas companheiras,
engajou-se, em 2 de fevereiro de 1745, a colocar tudo em comum para poder
ajudar um maior número de pessoas necessitadas. Dois anos mais tarde, a “mãe
dos pobres”, como já era conhecida, assumiu a direção do Hospital dos Irmãos
Charon, que estava em ruínas, transformando-o num refúgio que abrigasse todas
as misérias humanas que seus olhos perspicazes descobrissem. Com suas Irmãs e
os colaboradores e colaboradoras que a cercavam, Margarida iniciou serviços em
favor dos mais pobres.
Em 1765, um incêndio destruiu o hospital, mas
não a fé e a coragem da fundadora, que convidou então suas Irmãs e os pobres a
louvarem a Deus, reconhecendo-O nesta provação. E como se previsse o futuro,
Margarida iniciou, aos 64 anos, a reconstrução desse refúgio para pessoas
desfavorecidas. Esgotada, ela morreu em 23 de dezembro de 1771, deixando a
lembrança de uma mãe que serviu com compaixão a Jesus Cristo nos mais pobres.
A sementinha jogada em terras canadenses em
1737 por esta filha da Igreja tornou-se uma árvore que estende suas raízes
sobre quase todos os continentes. As “Irmãs da Caridade” de Montreal, ou “Irmãs
Cinza”, com suas comunidades-irmãs de Saint Hyacinthe, de Ottawa, de Québec, as
“Irmãs Cinza do Sagrado Coração” (Filadélfia) e as “Irmãs Cinza da Imaculada
Conceição” (Pembroke), prosseguem a mesma missão com audácia e esperança.
Em 3 de maio de 1959, São João XXIII (Angelo
Giuseppe Roncalli, Pontífice entre 1958-1963) proclamou Beata esta Mãe da
caridade universal, esta mulher que tinha o coração sem fronteiras. A partir
desse dia, a devoção popular para com esta serva dos pobres só cresceu, e inúmeras
graças foram obtidas através de sua intercessão. Uma delas, que serviu como
milagre exigido para a canonização, foi a cura de uma jovem acometida por leucemia
mieloblástica em 1978.
Ainda hoje, Margarida d'Youville sabe
compreender, por tê-las vivido, as duras situações que marcam tantas crianças
órfãs, adolescentes inquietos com o futuro, jovens desiludidos, esposas
intimidadas, famílias monoparentais, pessoas engajadas em obras de caridade
aquelas cujas vidas são consagradas a Deus no serviço aos irmãos e irmãs.
Margarida d'Youville foi canonizada em 9 de
dezembro de 1990 por São João Paulo II (Karol Józef Wojtyła, Pontífice entre 1978-2005).
Tradução e
Adaptação:
Gisèle
Pimentel
Fontes:
http://evangelhoquotidiano.org/main.php?language=FR&module=saintfeast&localdate=20171016&id=13922&fd=0
http://evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=37203&language=FR&img=&sz=full
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