26/10/2017

Beata Marije Tuci, Leiga e Mártir da Albânia (*Ndërfushaz, 12 de abril de 1928 – † Shkodër, 24 de outubro de 1950), 24 de outubro


Maria Tuci, postulante, em 1945 ou 1946.


Maria Tuci é uma beata leiga albanesa. Nasceu perto de Mirdita em 12 de março de 1928 e morreu em 24 de outubro de 1950 em Shkodër. Levada presa por sua fé cristã, morreu devido às torturas sofridas. Foi declarada mártir e beatificada em 5 de novembro de 2016 com os Mártires da Albânia, dos quais ela era a única mulher. Sua memória é festejada em 24 de outubro.

Biografia:
Maria Tuci (ou Marije Tuçi) nasceu no vilarejo de Ndërfushaz perto de Rrëshen, distrito de Mirdita na Albânia. Era filha de Nikoll Mark Tuci e de Dila Fusha. Estudou no Instituto das Pobres Filhas dos Santos Estigmas de São Francisco de Assis, comumente chamadas de Estigmatinas1.

Vocação e Ensino:
Nesse Instituto, Maria aprendeu matérias acadêmicas, mas também, e sobretudo, o modo cristão de lidar com o povo. Ela se sente, assim, chamada ao apostolado da vida religiosa, e pede sua admissão no Instituto como postulante1.

Com Davida Markagjoni, Maria é designada como professora em 1946, ambas escolhidas por sua tenacidade e fé, nos países de Gozan e Sang, a pedido de D. Frano Gjini, bispo e abade de Santo Alexandre de Oroshit. Num estado que havia se tornado oficialmente ateu, elas temunhavam Deus e ensinavam secretamente o catecismo. Maria Tuci usava seus próprios recursos financeiros para comprar o material escolar de seus alunos. Pariticipava também de panfletagens contra fraudes eleitorais. Para participar da missa, caminhava cerca de seis ou sete km1.

Prisão:
A perseguição contra os católicos obrigou as religiosas estigmatinas a deixar seu país ou a se dispersarem, e Maria retornou à casa de sua família. Em 7 de agosto de 1949, o secretário do Partido Comunista do distrito de Mirdita foi assassinado. Em represália, quatro dias depois trezentas pessoas do bairro, em sua maioria católicas, foram presas; Maria estava nesse grupo, do qual ela era a única mulher1. Condenada a três anos de prisão condicional, Maria foi encarcerada com três outros prisioneiros numa cela fria, sem luz nem ventilação, com água da chuva na altura dos colchões1.

Tortura e morte:
Maria foi torturada, humilhada e agredida sexualmente2. Um dos membros da polícia secreta, Hilmi Seiti, apreciando sua beleza, quis forçá-la a ter relações sexuais com ele, o que Maria recusa terminantemente. Então, os maus tratos acabaram aumentando ainda mais1.

Diante da beleza da moça e de sua recusa3, seu torturador Hilmi Seiti disse-lhe que nem mesmo seus familiares a reconheceriam. Maria então foi posta num saco junto com um gato raivoso, que os guardas espancavam com um bastão1,4,2. Tais arranhões e mordidas de gato, se não forem imediatamente tratados, podem levar à morte2.

Maria foi então hospitalizada. Em 22 de agosto de 1950, um ano após sua prisão, algumas religiosas puderam ir vê-la1. Maria estava completamente desfigurada3, irreconhecível. Ela disse: “Foi isso que Hilmi Seiti me disse: ‘Te deixarei num estado tal que mesmo os membros da tua família não poderão te reconhecer’. Agradeço a Deus por morrer livre!” Maria morreu dois meses mais tarde, em 24 de outubro de 1950, no Hospital Civil de Shkodër5.

Na Catedral da Arquidiocese de Shkodër-Pult, 
uma capela é dedicada aos mártires da Albânia com suas fotos; 
a de Maria Tuci é a 4ª em baixo, da direita para a esquerda.

Foi somente pós a queda do regime que comandava a Albânia que seus restos mortais puderam ser identificados por algumas freiras que permaneceram fiéis à sua vocação, apesar de terem sido dispersas durante a perseguição. O corpo de Maria foi, inicialmente, enterrado no cemitério católico de Shkodër e, posteriormente, transferido para a igreja das Irmãs Estigmatinas, na mesma cidade1.

Beatificação:
Após ser reconhecida como mártir em 27 de abril de 20166, Maria Tuci foi proclamada beata em 5 de novembro do mesmo ano durante a cerimônia de beatificação presidida em Shkodër pelo Cardeal Angelo Amato, junto ao grupo de trinta e oito mártires da Albânia, dos quais ela é uma de três leigos e a única mulher do grupo5,3. Sua festa foi fixada em 24 de outubro, dia de sua morte1.

Notas e referências:
  1. a, b, c, d, e, f, g, h, i, j e k (it) Emilia Flocchini, « Beata Maria Tuci », sur santiebeati.it, 26 de outubro de 2016 (consultado em 15 de janeiro de 2017).
  2. a, b e c (en) Ines A. Murzaku, « Albanian martyr a classic example of ‘genius of women’ », em cruxnow.com, 18 de julho de 2016 (consultado em 15 de janeiro de 2017).
  3. a, b e c (it) Mimmo Muolo, « Beatificazione. Martiri albanesi, sangue che «rinnova» la storia », em avvenire.it, Avvenire, 5 de novembro de 2016 (consultado em 16 de janeiro de 2017).
  4.  (sq) « Kurajozja Maria Tuci, e vetmja martire grua drejt lumturimit », em shqiptarja.com, 20 de setembro de 2014 (consultado em 15 de janeiro de 2017).
  5. a e b (en) « 38 martyrs killed by the Communist regime beatified in Albania », em radiovaticana.va, Radio Vatican, 5 de novembro de 2016 (consultado em 16 de janeiro de 2017).
  6. « Albanie : 38 martyrs catholiques vont être béatifiés », em la-croix.com, La Croix - Urbi et Orbi, 27 de abril de 2016 (consultado em 16 de janeiro de 2017).

Bibliografia e fontes:
  • (en) Ines A. Murzaku, « Albanian martyr a classic example of ‘genius of women’ », em cruxnow.com, 18 de julho de 2016 (consultado em 15 de janeiro de 2017).
  • (sq) « Kurajozja Maria Tuci, e vetmja martire grua drejt lumturimit », em shqiptarja.com, 20 de setembro de 2014 (consultado em 15 de janeiro de 2017).
  • (it) Emilia Flocchini, « Beata Maria Tuci », em santiebeati.it, 26 de outubro de 2016 (consultado em 15 de janeiro de 2017).
  • (de) Markus W. E. Peters, Geschichte der katholischen Kirche in Albanien 1919–1993, Wiesbaden, 2003.

Tradução e Adaptaçãoi:
Gisèle Pimentel

Fontes:
https://fr.wikipedia.org/wiki/Maria_Tuci
https://fr.wikipedia.org/wiki/Maria_Tuci#/media/File:Maria_Tuci_postulante_1945-46.png
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b0/Shkoder_101.JPG