29/03/2011

Beato Ludovico Pavoni, Sacerdote, Fundador (+1849), 1º de Abril

O Beato Ludovico Pavoni nasceu em Brescia, Itália, no dia 11 de setembro de 1784. Escutando o chamado de Deus, pôs-se a serviço do seu Reino em favor das crianças, jovens e surdos abandonados de seu tempo.
Iniciou suas atividades nos chamados "Oratórios Dominicais" (centro juvenis para oração, catequese e recreação). Percebendo, porém, que essa atividade era insuficiente para uma sólida educação, sobretudo em favor daqueles que eram órfãos e explorados no seu trabalho, construiu um instituto que os amparasse e fosse para eles uma nova família.
No Instituto São Barnabé, proporcionou a dignidade de vida através da formação humana, religiosa e profissional,a fim de possibilitar a construção de um projeto de vida como sujeitos da própria história.
O Beato Ludovico Pavoni faleceu em Saiano, Itália, no dia 1º de abril de 1849, vítima de uma pneumonia contraída na fuga da guerra bresciana, em que doou a sua própria vida para salvaguardar os seus queridos jovens. Em 1947 a Igreja reconheceu a heroicidade de suas virtudes e, no dia 14 de abril de 2002, foi proclamado Beato pelo Papa João Paulo II.

A Congregação Pavoniana
A Congregação Religiosa dos Filhos de Maria Imaculada (Pavonianos) surgiu em 1847. Desde então, os Religiosos Pavonianos levam adiante o trabalho iniciado pelo fundador, o Beato Ludovico Pavoni, apostando nos valores e no potencial do ser humano, procurando ajudar as crianças, os surdos e os jovens crescerem em autenticidade e no comprometimento com os irmãos e irmãs, especialmente com os empobrecidos.
Estão inseridos na sociedade e na Igreja Católica, através de espaços educativos que abrangem atividades de Ação Complementares à Escola, Escolas Profissionalizantes, colégios, centros especializados de atendimentos aos surdos, paróquias e pastorais específicas (Pastoral da juventude, Pastoral do Surdo e Pastoral da catequese).
A Família Pavoniana é formada por Religiosos (Padres e Irmãos) e leigos e leigas que, "unidos por fortes laços de caridade" e vivenciando o "Espírito de Família", levam à frente a missão de fazer das crianças, dos surdos e dos jovens "bons cristãos e honestos cidadãos".

Um Carisma mais do que vivo
O objetivo que o Beato Ludovico Pavoni teve, desde o início, foi o de constituir uma comunidade de "consagrados inflamados pelo amor de Deus e perseverantes na santificação de si mesmos". Nesse sentido, os Religiosos Pavonianos procuram promover, por todos os meios possíveis, o bem do próximo e distinguem-se pela educação humana, profissional e religiosa das crianças e jovens empobrecidos, bem como dos surdos.
Em tudo, propõem-se a conformar a própria vida à do Divino Mestre, Jesus Cristo, que aponta o caminho para a vida.

"A caridade, bem acesa no coração, há de fazer experimentar
vivamente os interesses divinos e do próximo".
(Beato Ludovico Pavoni)

Fontes:
http://www.centromedianeira.org.br/pavonianos.php
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=52433&language=IT&img=&sz=full

Santo Acácio (ou Agatângelo), Bispo (+250), 31 de Março

Santo Acácio, cognominado Agatângelo, isto é, Anjo Bom, viveu como bispo de Antioquia quando  Décio era imperador romano. Em Antioquia existiam muitos Marcionitas, que abandonaram a religião cristã quando os católicos, guiados pelo bispo, permaneceram firmes na fé. O próprio bispo, por motivos de  religião, foi citado perante o tribunal de  Marciano.  Eis o interrogatório:
Marciano: "Tens  a  felicidade de  viver sob a proteção das leis romanas. Convém, pois, que honres e  veneres nossos  príncipes, nossos  defensores."
Acácio: "Quem  poderá ter nisso mais interesse que os cristãos, e  por quem o imperador é mais amado, senão por eles? É a  nossa oração constante, que tenha longa  vida aqui no mundo, governe com justiça os povos  e lhe seja conservada a paz; nós rezamos pela  salvação dos soldados  e  de  todas as classes do império." 
Marciano: "Tudo  isto é muito louvável, mas para dar  ao imperador  uma  prova de submissão,  vem comigo e oferece  o sacrifício aos deuses." 
Acácio: "Já  te disse  que faço oração ao supremo Deus pelo imperador;  este, porém, como  criatura nenhuma, não poderá exigir de nós que lhe sacrifiquemos." 
Marciano: "Dize-me, pois, que Deus adoras, para que possamos  acompanhar-te em tuas orações." 
Acácio: "Tomara que O conheças!"  
Marciano: "Que nome tem ele?"
Acácio: "É o Deus  de  Abraão, Isaac e Jacó."  
Marciano: "São deuses também?"
Acácio: "Não são deuses, mas homens a  quem Deus se comunicou. Há um só Deus a quem é devida toda a oração." 
Marciano:  "Afinal, quem é esse Deus?" 
Acácio: "É o Altíssimo, que tem seu trono sobre Querubins e Serafins." 
Marciano: "Que coisa é Serafim?"
Acácio: "Um mensageiro do altíssimo e príncipe dos mais distintos da corte  celestial." 
Marciano: "Deixa de  contar-nos as tuas  fantasias. Abandona aqueles seres invisíveis e  adora aos  deuses  visíveis."  
Acácio: "Dize-me que deuses são." 
Marciano: "É Apolo, o salvador dos homens, que nos defende contra  a peste e a fome, que ilumina e governa o mundo." 
Acácio: "Eu, adorar Apolo, que não pode  salvar-se a  si mesmo; Apolo, cujas paixões inconfessáveis  são conhecidas por  Dafne e Narciso; Apolo que, como um companheiro de Netuno, trabalhou como pedreiro, para ganhar pão;  eu, adorar  Apolo?  Pelo  mesmo motivo podia queimar incenso a  Esculápio, vítima  do assassino  Júpiter, à lúbrica Venus e  a  outros aventureiros do vosso culto. Isto eu nunca farei, embora custe a  minha vida. Como poderia adorar divindades, cuja imitação é uma vergonha e  cujos imitadores são punidos pela lei?"  
Marciano: "Sei que vós, cristãos, injuriais os nossos  deuses. Por isso eu te ordeno que me acompanhes  ao banquete, que será dado em homenagem a  Júpiter e Juno."  
Acácio: "Poderia eu adorar um homem, cujo túmulo ainda existe  na ilha de Creta?  Por acaso ressuscitou?"
Marciano: "Basta de palavras:  escolhe entre o sacrifício ou a morte." 
Acácio: "Esta é a linguagem dos saltadores na Dalmácia:  a bolsa ou a vida!  Nada. Nada receio;  se fosse eu um adúltero, salteador ou ladrão, eu mesmo me julgaria; se, porém,  me condenam por ter adorado o Deus vivo e  verdadeiro,  a  injustiça  está ao lado do juiz."  
Marciano: "Tenho ordem de obrigar-te ao sacrifício ou punir tua desobediência." 
Acácio: "Ordem  minha é não negar a  Deus; devo obedecer ao Deus poderoso e eterno que disse  que negará perante Seu Pai àquele  que  O negar diante dos homens." 
Marciano: "Estás confessando o erro da tua seita, em dizer que Deus tem um filho."
Acácio: "Sem dúvida que tem!" 
Marciano: "Quem é este Filho de Deus?" 
Acácio: "A Palavra da  Verdade e  da graça." 
Marciano: "Este é seu nome?"  
Acácio:  "Não me perguntes pelo seu nome, mas quem era." 
Marciano: "Qual é pois  seu nome?" 
Acácio: "Jesus Cristo."
Marciano: "De que esposa Deus teve este filho?"  
Acácio: "Deus  tem Seu Filho, não de maneira humana, gerado de mulher;  pois o primeiro homem foi criado por suas mãos. De limo da  terra formou  o corpo  humano e deu-lhe um  espírito. O Filho de Deus, o Verbo da Verdade, saiu do coração de  Deus,  como está escrito:  ‘Meu coração produziu boa palavra’ (Sl 44, 1)."
Marciano insistiu que sacrificasse  aos deuses e  imitasse os exemplos  dos Montanitas, dando assim um bom exemplo de obediência.
Acácio, porém, respondeu: "O povo obedece a Deus e não a mim."  
Marciano: "Dize-me os nomes daqueles  que compõem o teu povo." 
Acácio: "Estão escritos no livro da  vida."   
Marciano: "Onde estão os feiticeiros teus  companheiros e  pregadores  de nova doutrina?"   
Acácio: "Ninguém condena a feitiçaria mais do que nós a condenamos." 
Marciano: "Esta nova religião, que introduzis, é  feitiçaria."  
Acácio: "É feitiçaria  atirar ao chão ídolos feitos por mão humana? Nós tememos só Àquele que é Senhor do Universo, que nos ama como um Pai, que como Pastor misericordioso nos salvou da morte e do inferno."  
Marciano: "Dize-me os nomes que te pedi, se quiseres  poupar-te dos tormentos." 
Acácio: "Aqui estou diante do tribunal. Desejas  saber o meu nome  e  dos meus companheiros. Como vencerás os outros, se eu sozinho te envergonho?  Pois seja feita a tua vontade. Eu me chamo Acácio, ou Agatângelo, e com este nome sou mais conhecido. Meus companheiros são Piso, bispo de Tróia e o sacerdote Menandro. Agora faze o que entenderes."  
Marciano: "Hás de ficar preso, até que o imperador tenha tomado conhecimento do teu processo." 
Décio  ficou comovido  pela leitura das atas  e concedeu a Acácio plena liberdade  no exercício da religião. Ignora-se a data da  morte do Santo. Os gregos, egípcios e  todas as Igrejas do Oriente celebram a sua festa no dia 31 de março. 

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=saintfeast&localdate=20110331&id=11794&fd=0
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=38564&language=PT&img=&sz=full

28/03/2011

Beato Amadeu de Savóia, Duque de Savóia, Leigo, Pai de Família (1435-1472), 30 de Março

Duque de Savóia, Amadeu era casado com Yolanda de França, irmã do rei Luís XI. Foi pai de sete filhos, dos quais uma menina, Louise, se tornaria beata.
Extremamente bondoso, Amadeu governava santamente a região da Savóia auxiliado por sua esposa, Yolanda, com quem partilhava sua fé. Colocava sempre em primeiro plano a preocupação com os pobres e os doentes. Amadeu construiu hospitais e mosteiros, pois desejava ajudar na expansão da evangelização e na manutenção da paz com os reinos vizinhos.
 Amadeu era epilético, e soube viver esta doença com grande resignação, numa época em que ela era sinônimo de loucura, humilhação e vergonha. Morreu aos 37 anos de idade, minado pela epilepsia, após ter recomendado aos seus filhos e aos demais que o cercavam que praticassem a justiça e que amassem os pobres.
Dizia-se, no seu reino, que “era melhor ser pobre do que rico”. Na figura de Santo Amadeu de Savóia, são honrados todos os pais de família.

Tradução e Adaptação:
Gisèle do Prado

Fonte :
http://saintsdefrance.canalblog.com/archives/2009/04/24/13496341.html

Beata Joana Maria de Maillé, Viúva (+1414), 29 de Março

Relutante em casar aos 16 anos, viúva com um pouco mais de 30, expulsa de casa pelos parentes do marido, nos restantes 50 anos de sua vida foi obrigada a viver sem abrigo. Tantos percalços estão concentrados na vida da Beata Joana Maria de Maillé que nasceu rica e mimada no Castelo de La Roche, perto de Saint-Quentin, Touraine, em 14 de abril de 1331. Seus pais eram o Barão de Maillé Hardoin e Joana, filha dos Duques de Montbazon.
Sua família se destacava pela devoção. Ela cresceu sob a orientação espiritual de um franciscano, mostrando uma particular devoção a Maria. Dedicava-se a orações prolongadas e fez precocemente o voto de virgindade. Aos onze anos, no dia de Natal, pela primeira vez teve um êxtase: Maria Santíssima lhe apareceu segurando em seus braços o Menino Jesus. Uma doença que quase a levou à morte serviu para desprendê-la mais e mais da terra e torná-la mais próxima de Deus.
Na idade de dezesseis anos, aparece no cenário de sua vida um parente da mãe que se tornou seu tutor, o que sugere que os pais morreram prematuramente. O tutor combina, de acordo com o costume da época, o casamento de Joana com o Barão Roberto II de Sillé, um bom jovem, não muito mais velho do que ela, seu companheiro de brincadeiras na infância. E isto apesar de estar ciente da inclinação de Joana para a vida religiosa e de seu voto de castidade. Portanto, é um casamento contra a vontade da jovem.
Providencialmente, o tutor morreu repentinamente na manhã do dia do casamento, e a impressão no noivo foi tão grande, que propôs a Joana viverem em perfeita continência, isto é, como irmão e irmã. Seu consentimento é imediato, já que estava preparada para isto pelo seu voto de virgindade.
Apesar das premissas, o casamento funcionou e bem: como base da união eles colocaram o Evangelho, e viveram-no plenamente, resultando em muitas boas obras, como: adotar algumas crianças abandonadas, alimentar e cuidar dos pobres, ajudar às pessoas afetadas pela peste... Na verdade, tinham muito que fazer. Nunca se viu tanto movimento no castelo desde que se espalhou a notícia de o casal ser extremamente caridoso.
E pensar que não faltavam problemas para eles, como quando Roberto teve que ir para a guerra (estamos na época da Guerra dos Cem Anos), foi ferido e preso pelos britânicos. Para libertá-lo, Joana pagou um resgate elevado, o que afetou fortemente o patrimônio do casal. No entanto, eles não perderam a fé, e uma vez instalados, marido e mulher, lado a lado, primeiro tratam dos contagiados pela peste negra, depois, dos leprosos.
Roberto morreu em 1362 e Joana, viúva aos 30 anos, vê toda a família de seu marido se voltar contra ela. A principal acusação: ter esbanjado a fortuna da família. Assim, ela foi expulsa do Castelo de Silly e ficou sem casa, sem um tostão, forçada a viver da caridade. Mas, mesmo na rua, os parentes ricos continuavam a persegui-la: enviavam seus serviçais para lançar-lhe insultos quando ela passava, porque não queriam rebaixar-se para fazê-lo pessoalmente.
Ela renunciou a todos os seus bens e foi morar num casebre construído junto ao convento dos Frades Menores Franciscanos de Tours, onde levava uma vida de penitência, contemplação e pobreza contínua, a mendigar o pão. Ela recebia a graça de várias aparições místicas da Virgem Maria, de São Francisco e de Santo Ivo, o qual recomendou que ela ingressasse na Ordem Terceira de São Francisco.
Joana sofria e, com um amor sem limites, não tinha um mínimo de ressentimento. E para sabermos onde ela encontrava tal força e tanta bondade, olhemos para suas longas horas de oração, sua grande penitência, seus sacrifícios. Escolheu para vestir uma túnica grosseira e rude, muito semelhante à roupa de seus amados franciscanos, de cuja intensa espiritualidade vivia.
Continuou a fazer caridade com os doentes e os prisioneiros condenados à morte, se não mais com dinheiro, com a sua presença e seus humildes serviços, consolando-os quando não podia fazer nada melhor, e intercedendo por sua libertação quando atingiu popularidade e pôde usá-la em proveito do próximo.
Devido à sua reputação como uma mulher de Deus ter se espalhado pela França, muitos a procuravam pedindo conselhos, e entre aqueles que bateram à sua porta havia também alguns daqueles que a tinham insultado anteriormente, aos quais ela recebia com amor e paciência.
O rei de França, Carlos VI, que estava em Tours, foi visitar a penitente famosa que lhe pediu para libertar alguns prisioneiros e dar a outros a ajuda de um capelão.
Em 1395, Joana mudou-se para Paris onde se encontrou outra vez com o rei da França, Carlos VI e sua esposa, Isabel da Baviera. Ela aproveitou a oportunidade para criticar o luxo da corte e a vida licenciosa dos cortesãos. Em Paris, ela visitou a Saint-Chapelle para venerar as relíquias da Paixão de Cristo.
Apesar da frágil saúde e das dificuldades de sua vida penitente, Joana atingiu a idade de 82 anos e morreu em 28 de março de 1414 cercada de uma sólida reputação de santidade. Seu corpo foi sepultado na igreja franciscana. Infelizmente o seu túmulo foi profanado pelos calvinistas nas guerras de religião.
Sua fama de santidade era tão difundida que os fiéis a veneravam espontaneamente. Como resultado, em apenas 12 meses foi instaurado o processo diocesano informativo para sua canonização. Mas, mesmo após a morte Joana tem que esperar: sua beatificação só ocorreu muito mais tarde, em 1871, pelo Papa Pio IX.

Aparição de Santo Ivo à Beata Joana Maria de Maillé
A Beata relatou uma visão de Santo Ivo em uma época difícil de sua vida. A jovem baronesa tinha ficado viúva e fora expulsa do seu castelo pelos parentes, que alegavam que ela tinha encorajado a excessiva caridade de seu esposo, em detrimento do novo herdeiro. Após ser maltratada, inclusive pelo serviçal a quem tinha dado refúgio, ela retornou a sua família em Tours.
A aparição é contada por dois historiadores da Ordem Terceira. Santo Ivo “aconselhou-a a deixar o mundo e a tomar o hábito que ele estava usando”. Outro biógrafo diz: “Se deixardes o mundo, gozareis, mesmo aqui na Terra, as alegrias do Paraíso”.
Os mesmos autores especulam se Joana não hesitou diante da perspectiva de renunciar a tudo.  “Pobre pequena baronesa! Ela ficou amedrontada diante da prometida liberdade da pobreza e acreditou que poderia desfrutar da paz no último refúgio, seu lar. Mas a vontade de Deus era outra”
Joana deve mesmo ter hesitado, pois somente depois de uma visão de Nossa Senhora, que repetiu o mesmo conselho, é que ela tomou o hábito da Ordem Terceira de São Francisco.

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=saintfeast&localdate=20110329&id=12368&fd=0
http://lalumierededieu.eklablog.com/accueil-p24344

São Gontrão (ou Guntram) de Borgonha, Rei (545-592), 28 de Março

Gontrão foi rei da Borgonha, França, de 561 até sua morte, em 592. Era um dos filhos do rei Clotário I e da rainha Ingunda. Quando seu pai morreu, ele se tornou rei de um quarto do reino dos francos, fazendo de Orleães sua capital. Tinha um certo amor fraternal que faltava aos seus irmãos, e o cronista proeminente do período, Gregório de Tours, freqüentemente o chama de bom rei Gontrão, como no texto abaixo, onde Gregório discute o fato dos três casamentos de Gontrão:
“O bom rei Gontrão primeiro tomou uma concubina, Veneranda, uma escrava pertencente a alguém de seu povo, com quem ele teve um filho, Gundobado. Depois ele casou-se com Marcatrude, filha de Magnar, e enviou seu filho Gundobado a Orleães. Após ter um filho, Marcatrude tornou-se ciumenta, e procurou causar a morte de Gundobado. Ela enviou veneno, dizem, e envenenou sua bebida. Com a morte de Gundobado, pelo julgamento de Deus, ela perdeu o filho que tinha e fez cair sobre si mesma a ira do rei, sendo dispensada por ele, morrendo não muito depois. Depois ele tomou como esposa Austerchild, também chamada Bobilla. Teve com ela dois filhos, o mais velho chamado Clotário e o mais jovem Clodomiro.” [1]
Como indicado acima, Gontrão teve um período de intemperança. Ele finalmente se sujeitou com remorso de seus pecados do passado e, cansado, arrependeu-se deles, tanto os próprios quanto os de sua nação. Na reparação, ele jejuou, orou, chorou e ofereceu-se a Deus. Durante o seu próspero reinado ele tentou governar pelos princípios cristãos. De acordo com Gregório, ele foi o protetor dos oprimidos, cuidou dos doentes, foi o pai amável de seus súditos. Ele era generoso com sua riqueza, especialmente nos tempos de pragas e escassez. Ele com rigidez e justiça fez as leis serem respeitadas independentemente de quem fosse a pessoa, estava sempre pronto a perdoar as ofensas contra ele, inclusive duas tentativas de assassinato. Gontrão generosamente construiu e doou várias igrejas e monastérios. Gregório de Tours relata vários milagres realizados pelo rei, antes e depois de sua morte, alguns dos quais ele afirma ter testemunhado.
Em 567, seu irmão mais velho Cariberto I morreu em suas terras (o reino de Paris), que foram divididas entre os irmãos sobreviventes: Gontrão, Sigeberto I e Chilperico I. O reino foi dividido entre eles, mas Paris era uma cidade comum, compartilhada pelos três. A viúva de Cariberto, Teodechilda, propôs casamento a Gontrão, o irmão remanescente mais velho, embora um conselho realizado em Paris em 557 tenha declarado tal tradição ilegal e como incestuosa. Gontrão, embora contra sua vontade, decidiu abrigá-la com segurança, em um convento de freiras em Arles.
Em 577, Clotário e Clodomiro, seus dois filhos sobreviventes, morreram de disenteria e ele adotou como seu filho e herdeiro a Childeberto II, seu sobrinho, filho de Sigeberto, do qual havia salvado o reino dois anos antes. No entanto, Childeberto nem sempre provou ser fiel ao seu tio. Em 581, Chilperico tomou várias cidades de Gontrão e em 583, aliou-se a Childeberto e atacou Gontrão. Então, Gontrão fez as pazes com Chilperico, enquanto Childeberto escapou. Em 584, ele devolveu a infidelidade de Childeberto invadindo suas terras e capturando Tours e Poitiers, mas ele foi obrigado a deixar de estar presente no batismo de Clotário II, seu outro sobrinho, que agora governava a Nêustria. Gontrão voltou a invadir a Septimânia. A paz foi logo refeita.
Em 584 ou 585, Gundovaldo reivindicou ser um filho bastardo de Clotário I e se auto-proclamou rei, tomando algumas das maiores cidades do sul da Gália, como Poitiers e Toulouse, que pertenciam a Gontrão. Gontrão marchou contra ele, dizendo que ele não era nada mais que o filho de um moleiro chamado Ballomer. Gundovaldo fugiu para Comminges e o exército de Gontrão assediou a cidadela. Não conseguiram tomá-la, mas também não precisaram: Os seguidores de Gundovaldo o entregaram e ele foi executado.
Em 587, Fredegund tentou assassiná-lo, mas falhou. Ele foi, em 28 de novembro, a Trier fechar um tratado com Childeberto, Brunilda, sua cunhada, esposa de Sigeberto, de quem ele sempre foi aliado, Chlodosind, irmã de Childeberto, Faileuba, a rainha de Childeberto, Magnerico, bispo de Trier e Agerico, bispo de Verdun. Este tratado foi chamado de Tratado ou Pacto de Andelot e durou até a morte de Gontrão. Em 589, ele fez um avanço final na Septmânia, mas em vão. Ele lutou contra os bárbaros que ameaçaram o reino e reprimiu um levante de sua sobrinha Basina, filha de Chilperico, num convento com a ajuda de muitos de seus bispos (590).
Morreu em Chalon-sur-Saône em 592, com seu reino passando para seu filho adotivo Childeberto II. Foi sepultado na igreja de São Marcelo, que ele havia edificado em Chalon. Quase imediatamente Gontrão foi proclamado santo por seus súditos e seu dia comemorativo é celebrado pela Igreja Católica em 28 de março. Os huguenotes, que espalharam suas cinzas no Século XVI, deixaram apenas o crânio intocado, que agora está lá guardado numa urna de prata.

 

Pais

Clotário I (498-561)
Ingunda da Turíngia (c. 500-538)

 

Casamentos e filhos

·  com Veneranda (◊ ? † ?)
1.   Gondebaudo da Borgonha, morreu ainda criança
·  em 556 com Marcatrude, repudiada em 565
·  em c. 566 com Autregilda († 580)
1.   Clotário (567-577)
2.   Clodomiro (570-574)
3.   Clodeberg (575-† ?)
4.   Clotilde (577-† ?)

 

Fontes do Artigo

·  Dahmus, Joseph Henry. Seven Medieval Queens (Sete Rainhas Medievais). 1972.
·  Historia Francorum. Gregório de Tours.

 

Veja também

·  Francos

 

Ligações externas


Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gontr%C3%A3o_de_Borgonha
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=50474&language=FR&img=&sz=full
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/10/Tiers_de_sou_de_Gontran_frapp%C3%A9_%C3%A0_Chalon-sur-Sa%C3%B4ne.jpeg

27/03/2011

Santo Alexandre, Patriarca de Alexandria (+326), 27 de Março

Alexandre de Alexandria foi o décimo-nono Patriarca de Alexandria, de 313 dC até sua morte, sucessor de Áquila de Alexandria. Durante seu patriarcado, ele lidou com um grande número de assuntos relevantes para a Igreja na época. Entre eles, a data da Páscoa, as ações de Melécio de Licópolis e o arianismo. Ele foi o líder da oposição ao arianismo no Primeiro Concílio de Nicéia. Ele também é lembrado por ter sido o mentor daquele que seria seu sucessor, Atanásio de Alexandria, um dos maiores padres da Igreja[1].

Biografia

Sabemos comparativamente pouco sobre os anos iniciais de Alexandre. Durante o tempo em que foi padre, ele experimentou em primeira mão as perseguições aos cristãos dos imperadores Galério e Maximino Daia. Alexandre se tornou patriarca após a morte de Áquila, cujo curto reinado foi atribuído, na época, à sua desobediência ao comando de seu antecessor, Pedro de Alexandria, de nunca readmitir Ário na comunidade cristã[2] .
O próprio Alexandre enfrentou três desafios principais durante o seu episcopado.

 

1. Data da Páscoa

Ver artigo principal: Controvérsia da Páscoa
O primeiro foi uma seita cismática, liderada por Erescêncio, que criticava a data da Páscoa (veja Quartodecimanismo). Por conta disto, ele escreveu um tratado sobre a controvérsia, no qual ele citou afirmações mais antigas sobre o assunto feitas por Dionísio de Alexandria. Os seus esforços, apesar de terem ajudado a acalmar a disputa, não foram suficientes para silenciá-la de todo, o que somente foi ocorrer durante o Concílio de Nicéia, também realizado durante o seu patriarcado[2].

 

2. Melécio de Licópolis

Ver artigo principal: Melécio de Licópolis
Sua segunda grande preocupação foi a questão de Melécio de Licópolis, que continuava a difamar Alexandre assim como já tinha feito com Áquila. Melécio chegou até mesmo a protocolar uma reclamação formal na corte do imperador Constantino I, embora nenhuma atenção especial tenha sido dada a ela[2]. Mais importante, porém, fora o fato de que Melécio parecia ter estabelecido alguma forma de aliança com Ário. Melécio também consagrou bispos por conta própria, sem o consentimento de seu superior imediato. Esta controvérsia iria continuar sem mitigação até Niceia, quando Alexandre permitiu que Melécio voltasse à igreja, efetivamente terminando a aliança com Ário[2].

 

3. Arianismo

Ver artigo principal: Controvérsia ariana
O último e mais importante dos problemas que Alexandre enfrentou foi a questão ariana em si. O predecessor de Alexandre, Áquila, não apenas permitiu que Ário retornasse à Igreja, mas também deu a ele a igreja mais antiga de Alexandria, uma posição que permitia que ele tivesse uma influência sobre a comunidade cristã Alexandria.
Alexandre lutou contra o crescimento da doutrina de Ário em Alexandria convocando sínodos locais e o Concílio de Alexandria em 321 d.C., que acabou por expulsá-lo da região [2]. Ário então fugiu para a Palestina, onde foi recebido por Eusébio de Nicomédia, que reclamou não são somente a Alexandre como também ao imperador[2].
Os seguidores de Ário em Alexandria passaram então a se dedicar à violência em defesa de suas crenças, o que estimulou Alexandre a escrever uma encíclica à todos os bispos do Cristianismo, na qual ele relatou a história do arianismo e sua opinião sobre as falhas no sistema ariano.
Alexandre também escreveu uma confissão de fé em defesa de sua própria posição e a enviou para todos os bispos do Cristianismo recebendo amplo apoio. Ele também mantinha correspondência com Alexandre de Constantinopla, protestando contra a violência dos arianos e contra a promulgação das visões de Ário sobre a influências das mulheres e muitos outros assuntos do arianismo.
Constantino I, agora o único reclamante ao trono após a execução de Licínio, escreveu uma carta "para Atanásio e Ário", exigindo que Alexandre e Ário terminassem sua disputa[2].
Logo após ter recebido a mensagem de Constantino, Alexandre convocou outro concílio geral de sua diocese, que parece ser confirmado sua concordância com a profissão de fé que Alexandre tinha circulado como sendo um acordo sobre o uso do termo teológico "consubstancialidade". Ele também reafirmou a excomunhão de Ário e dos seguidores de Melécio, o quê, é claro, enfureceu os arianos de Alexandria ainda mais. Ário pessoalmente reclamou ao imperador sobre o tratamento que Alexandre havia lhe dado. Na sua resposta, Constantino conclamou Ário a se defender perante um concílio ecumênico da Igreja que seria realizado em Nicéia, na Bitínia, em 14 de junho de 325, o primeiro deste tipo na história[2].

Primeiro Concílio de Nicéia

Ver artigo principal: Primeiro Concílio de Nicéia
Alexandre veio ao concílio com um partido que incluía Potamon de Heraclea, Pafnúcio de Tebas (ou Pafnúcio o Confessor) e o diácono de Alexandre, Atanásio, que atuou como seu porta-voz. Estava previsto que Alexandre seria o condutor de uma das reuniões, mas ele entendeu que não conseguiria atuar simultaneamente como presidente e acusador oficial. Nestes termos, ele transferiu a presidência para Hósio de Córdoba. Após uma comprida discussão, o concílio emitiu uma decisão que, entre outras coisas, confirmou o anátema de Ário, autorizou Alexandre - sob sua pressão - a permitir que Melécio mantivesse seu título episcopal, ainda que sem poder exercitar nenhum poder episcopal. Os bispos que Melécio já tinha ordenado também manteriam seus títulos, mas apenas seriam elevados ao status de bispo quando um dos bispos consagrados por Alexandre morressem. Ele também deu a Alexandre o direito de decidir a datação da Páscoa por conta própria, requerendo dele apenas que comunicasse sua decisão às igrejas ocidentais e orientais. O concílio ainda emitiu uma afirmação permitindo à Igreja egípcia manter as suas tradições sobre o celibato sacerdotal. Sobre isto, Alexandre seguiu o conselho de Pafnúcio de Tebas, que o encorajou a permitir que padres se casassem após terem recebido as ordens.

 

Morte

Cinco meses depois de sua volta de Niceia para Alexandria, Alexandria morreu. Uma fonte lista sua morte como sendo no 22º de Baramudah (17 de abril). Alguns alegam que em seu leito de morte ele teria designado Atanásio, seu diácono, como seu sucessor[2].

 

Obras

Muitas das obras cujo autor foi muitas vezes reputado como sendo Alexandre não sobreviveram. Das diversas cartas sobre o arianismo já mencionadas, apenas duas sobreviveram. Sobreviveu também uma homilia, De anima et corpore ("Sobre a alma e o corpo"), atribuída à Alexandre na versão siríaca, a mesma que na versão copta é atribuída à Atanásio[2].
Outra obra, o Enconium of Peter the Alexandrian é atribuído à Alexandre. Este livro sobreviveu em cinco códices. A obra pôde ser reconstruída baseada nos fragmentos que sobreviveram e numa tradução da "História dos Patriarcas". Ela contém as alusões bíblicas básicas, as tradições e o retrato do martírio de Pedro.

 

Veneração

Alexandre é venerado como santo na Igreja Ortodoxa Copta, na Igreja Católica Romana e na Igreja Ortodoxa Oriental.


Precedido
por Áquila
Papa de Alexandria
Arcebispo de Alexandria

313–326
Sucedido
por Atanásio I

 

Referências

1.    Christie, Albany James (1867). "Alexander of Alexandria". (em inglês) Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology 1. Ed. William Smith. Boston: Little, Brown and Company. 111–112. 
2.    a b c d e f g h i j Atiya, Aziz S.. The Coptic Encyclopedia (em inglês). New York: Macmillan Publishing Company, 1991. ISBN 0-02-897025-X

 

Ligações externas

·       Alexandre I (313–328) (em inglês). Site oficial do Patriarcado Grego-Ortodoxo de Alexandria e toda a África.

 

Bibliografia

·       KANNENGIESSER, Ch. "Alexandre de Alexandria". Dicionário Patrístico e de Antigüidades Cristãs. Petrópolis: Vozes, 2002.

Fontes :
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_I_de_Alexandria
http://3.bp.blogspot.com/_LLGsPvAD04A/S637yjrZH_I/AAAAAAAAGL0/x0rdDA2zDkc/s1600/Sto._alexandre_de_bizancio.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ec/Veljusa_Monastery_St._Alexander_of_Alexandria.jpg