Goar nasceu pouco depois da morte do rei Clóvis. Seus pais eram nobres senhores feudais da região da Aquitânia, junto aos quais, durante seus primeiros anos de vida, Goar aprendeu a ter amor à virtude. Ainda pequeno ele mostrava uma grande caridade para com os mais pobres; seu zelo para com a glória de Deus fazia com que pregasse a penitência aos pecadores e a santidade aos justos, e as palavras dessa criança, aliada às suas atitudes, produziam grandes frutos onde quer que ele estivesse.
Chegando o tempo propício, Goar foi ordenado sacerdote. Todavia, o sacerdócio revelou-se um novo aguilhão ao seu ardor apostólico. Com a autoridade que lhe concedia sua grande virtude, Goar combatia, em suas pregações, os vícios, o luxo, a discórdia, a vingança, o homicídio e todos os tipos de atitudes passionais de uma época ainda dominada pelos povos bárbaros.
Goar possuía, antes de tudo, o gosto pela vida monástica; muito cedo ele deixou seus pais e sua pátria para buscar a Deus na solidão. Mas Deus, que não desejava ver tantas virtudes permanecerem estéreis, soprou no coração do solitário ermitão um novo fogo de zelo, e Goar, enriquecido por seus novos progressos e pelas luzes sobrenaturais que ele havia recebido em seu retiro, percorreu os campos vizinhos, ainda pagãos, ali pregando o Evangelho e vendo, com alegria, inúmeros convertidos receberem o batismo.
Poucos Santos foram tão hospitaleiros quanto ele, e foi por seus bons atos, suas esmolas, seus acolhimentos cordiais e generosos que ele soube tornar popular a doutrina que ele praticava tão bem. Acusado diante do seu bispo de diversos crimes inventados pelo demônio do ciúme, ele compareceu humildemente no palácio episcopal e depôs seu manto, por respeito, na presença do prelado; mas, acreditando que o suspendia numa haste de metal, ele o suspendeu num raio de sol. O bispo não ficou tocado com este prodígio; porém, pouco depois ele teve que reconhecer, confuso, a inocência de Goar, manifestada por um novo milagre.
O rei Sigberto logo quis proclamá-lo bispo, porém Goar conseguiu um prazo de vinte dias durante os quais ele orou a Deus tão intensamente, e tamanho foi o sofrimento depositado em suas orações, que acabou ficando gravemente doente. Sua doença acabou se prolongando por sete anos, e o rei acabou se vendo impossibilitado de realizar seus planos. Goar ofereceu seus longos e horríveis sofrimentos a Deus pelo crescimento e o triunfo da Igreja.
Abade L. Jaud, «Vida dos Santos para todos os dias do ano» («Vie des Saints pour tous les jours de l'année»), Tours, Mame, 1950.
Tradução e Adaptação:
Gisèle do Prado
giseledoprado70@gmail.com
Fontes:
http://hodiemecum.hautetfort.com/archive/2008/07/06/6-juillet-saint-goar-pretre-et-ermite-au-diocese-de-treves-5.html
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