16/04/2011

São Bento José Labre, Peregrino, Mendigo (1748-1783), 16 de Abril

Bento José Labre nasceu em Amettes, na diocese de Arras, e era o filho mais velho de uma família de quinze filhos. Aparentemente fracassou em tudo o que desejava. Apesar disso, conseguiu manter sempre a paz no seu coração. As portas fechavam-se diante dele, uma após a outra, mas ele nunca se desesperou. Recomeçava o seu caminho, dormindo onde encontrava abrigo, vivendo do que lhe davam, continuando a procurar novos caminhos para atingir o seu Objetivo. Submisso a todos, primeiro a seus pais, depois, no seu apelo interior, aos responsáveis dos mosteiros em cujas portas batia, aos seus confessores, aos acontecimentos, à vontade de Deus que, continuamente, ia lhe mudando os rumos, Bento continuou a avançar humildemente, silenciosamente. Conta-se que jamais pessoa alguma conseguiu ver a cor dos olhos de Bento, pois ele só olhava para baixo.
Aos doze anos, foi recebido na casa de seu tio paterno, que era pároco de Érin, para fazer seus estudos visando ao sacerdócio. Após a morte de seu tio, Bento José foi para a casa de seu tio materno, vigário de Conteville, onde o jovem Bento se desenvolveu na mortificação e na oração. Sentia-se cada vez mais atraído pelo Santíssimo Sacramento, diante do Qual ele permanecia durante várias horas em contemplação. Fazia já muito tempo que Bento José aspirava a uma vida mais perfeita: “Ser sacerdote é muito bonito, mas tenho medo de me perder salvando os outros.”
Ele terminou por vencer as resistências de seus pais, e entrou para a Ordem dos Cartuxos, esperando encontrar ali seu caminho definitivo. Estava enganado, pois a Providência permitiu que logo ele fosse desligado da Ordem por seus superiores, sob a alegação de que não tinha a vocação para permanecer ali. O pensamento da Trapa, que Bento possuía anteriormente, retornou, porém ele não foi aceito nessa Ordem.
Novamente oscilando entre os Cartuxos e a Trapa, Bento acabou tendo que ir, enfim, para a Abadia de Sept-Fons (Trapista), na região de Auvergne. Ali seus escrúpulos, dores espirituais (possivelmente um quadro depressivo) e uma grave doença acabaram causando a sua saída.
A resposta de Bento José a tantas provações sempre foi: “Que seja feita a vontade de Deus.” Foi então que se sentiu inspirado por Deus para seguir a vocação de mendigo peregrino, a qual devia conduzi-lo diretamente, pelos caminhos mais árduos da penitência, a uma profunda santidade. Bento José não manteve mais vínculos com ninguém; vivia solitário em meio ao mundo. Deslocava-se sempre a pé, procurava os lugares sagrados da devoção cristã. Vestia-se com um pobre hábito rasgado, que ele jamais trocava. Vivia sujo e coberto de parasitas. Trazia sempre um terço nas mãos, outro ao pescoço, junto com um crucifixo; aos ombros, carregava uma sacola contendo tudo o que possuía: o seu Novo Testamento, a Imitação de Cristo e o Breviário. Era assim que Bento José podia ser visto em suas contínuas peregrinações. Sem se dar conta, atravessou a Europa, percorrendo 30.000 quilômetros, indo de mosteiro em mosteiro, de santuário em santuário, até se estabelecer em Roma, de onde sairia várias vezes para ir até Loreto, antes de morrer no despojamento total.
A chuva, a neve, o calor, nada o parava; geralmente, ele dormia ao ar livre, sobrevivia da caridade quotidianamente, sem nada guardar para o dia seguinte; comia sempre a mais miserável e indispensável refeição, e fazia-se, ele mesmo, provedor dos pobres. Freqüentemente Bento José acabava servindo de «brinquedo» nas mãos das crianças e da multidão, pois era visto como um maluco. Ele sofria tudo isso com paciência e amor. Roma, Loreto, Assis e uma multidão de outros lugares santos foram objetos de sua devoção.
São Bento José Labre, em pleno "Século das Luzes", pobre e desprendido de tudo e principalmente de si mesmo, considerado um peregrino ou mesmo como um mendigo entre tantos outros, sujo e cheio de piolhos, foi aclamado como santo quando morreu em Roma, com 35 anos. As pessoas que o conheciam gritavam pelas ruas: “Il santo è morto! Il santo è morto!” (“O santo morreu! O santo morreu!”).
Bento José foi declarado beato em 1860 e santo em 1881. É o patrono das pessoas que têm problemas de adaptação e que se sentem deslocadas, que têm problemas emocionais. 

Tradução e Adaptação:
Gisèle do Prado
giseledoprado70@gmail.com

Fontes:
Abade L. Jaud, Vida dos Santos para todos os dias do ano, Tours, Mame, 1950.
http://hagiosdatrindade.blogspot.com/2009/04/sao-bento-jose-labre-peregrino-16-de.html
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=FR&module=saintfeast&localdate=20110416&id=13407&fd=0
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=40960&language=FR&img=&sz=full

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